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"Não tem preparação", diz especialista sobre o Santos após denúncias de assédio

Especialista questiona a postura do time quando cartas foram divulgadas acusando o ex-treinador Kleiton Lima de assédio moral e sexual

Celine Dutra*

Kleiton Lima pediu demissão nesta segunda (15), cinco dias após ter retornado ao clube
Kleiton Lima pediu demissão nesta segunda (15), cinco dias após ter retornado ao clube
Foto: Guilherme Greghi/Santos FC

O presidente do Santos Futebol Clube, Marcelo Teixeira, comentou nesta quarta-feira (17) a recontratação do técnico Kleiton Lima após a polêmica do caso de assédio no time feminino. 

O mandatário admitiu o erro em trazer o técnico de volta ao clube e afirmou que abrirá uma nova investigação interna, contando com o apoio da Federação Paulista de Futebol.

“O Santos agora vai assumir esse protagonismo, vamos a fundo, queremos definitivamente ver o que houve para adotar as medidas em relação a todos os envolvidos", disse Teixeira.

O presidente do Santos solicitou que as denúncias deixem de ser anônimas e destacou que o futebol feminino não precisa de protestos. 

Na segunda-feira (15), o clube alvinegro comunicou o pedido de demissão de Kleiton Lima. O técnico relata que sofreu ameaças virtuais e nas ruas da Baixada Santista. 

A BandNews FM relembra o episódio ocorrido no ano passado e conversa com a advogada e conselheira da OAB do Distrito Federal Liliana Marquez, que questiona o posicionamento que o time alvinegro sustentou por 7 meses.

O caso

Em setembro de 2023, 19 jogadoras entregaram à diretoria do clube cartas anônimas com denúncias de assédio moral e sexual contra o técnico Kleiton Lima.

O conteúdo das cartas questionava o comportamento e a falta de respeito do treinador, mencionando assédio sexual. 

À época, o clube afirmou que apurava o caso e desligou toda a comissão técnica. Kleiton negou as acusações e pediu afastamento do clube em 6 de setembro, um dia antes das denúncias se tornarem públicas.

Para a advogada Liliana Marquez, a postura do Santos deveria ter sido de acolhimento às jogadoras: 

Kleiton voltou ao comando das Sereias da Vila em 9 de abril deste ano. 

Na entrevista coletiva de reapresentação do técnico, a coordenadora de futebol feminino do Santos, Thais Picarte, reafirmou que houve uma apuração interna e que não foi constatada nenhuma prova concreta.

“Esses argumentos frágeis trouxeram uma mancha ao Santos Futebol Clube", disse Thais.

Nas redes sociais, 14 atletas que deixaram a equipe na última temporada se manifestaram afirmando que não foram procuradas.

Liliana explica que os times ainda não estão preparados para lidar com casos de assédio: 

O posicionamento do time alvinegro ao recontratar Kleiton Lima gerou protestos nas redes sociais. Em campo, as Sereias da Vila encontraram apoio dos clubes rivais. 

Durante a 5º rodada do Brasileirão Feminino, jogadoras de times como Corinthians, São Paulo e Palmeiras se manifestaram contra o técnico com as mãos na boca e nos ouvidos. 

Segundo a advogada, os gestos das atletas de outras equipes foram simbólicos, destacando a falta de apoio a mulheres que denunciam as violências:

Para a especialista, é crucial que times de futebol também apoiem causas que ampliem a visibilidade de políticas públicas para mulheres, como é o caso do Movimento SP Por Todas, lançado pelo governo de São Paulo e apoiado pelo São Paulo Futebol Clube:

*Sob supervisão de Carine Roma, Lucas Bellotti, Fábio França e Bruno Camarão

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