Mitre: o caminho até o comício histórico, símbolo das Diretas Já

Fernando Mitre

Começou a carreira em Minas Gerais, onde passou por vários jornais, como “Correio de Minas” e “Diário de Minas”. Em São Paulo, integrou a equipe que criou o Jornal da Tarde, de o “Estado de S Paulo”. Dez anos depois, virou diretor de redação, posto que ocupou mais tarde, em duas outras oportunidades. Depois, assumiu a direção nacional de Jornalismo da Rede Bandeirantes, cargo que ocupa até hoje. Nesse período, produziu mais de 30 debates eleitorais, entre eles o primeiro presidencial da história do país na TV, em 89. É comentarista político no Jornal da Noite e entrevistador do programa político Canal Livre. Entre os diversos prêmios que recebeu, estão o Grande Prêmio da APCA, o Grande Prêmio do Clube de Criação de SP e três prêmios Comunique-se de “melhor diretor do ano”, valendo o título de “Mestre em Jornalismo”.

Quando um deputado do Mato Grosso conseguiu assinaturas suficientes para apresentar a emenda constitucional número cinco, em março de 1983, pouca gente prestou atenção. 

Alguns dias depois, dia 31 daquele mês, quando chegou a algumas redações a notícia de que um grupo se reuniu em Abreu e Lima numa pequena manifestação pela eleição direta para presidente, também não fez sucesso... 

Em Goiânia, um comício, em junho, reuniu 4 ou 5 mil pessoas. Comício pequeno, mas o dr. Ulisses Guimarães já estava lá. Em São Paulo, em frente ao Pacaembu, no dia 27 de novembro, um comício ganhava destaque, pelo menos nas páginas da Folha de S.Paulo, muito mais atenta do que os outros jornais. 

Logo veio o 25 de janeiro de 1984 e a Band saía à frente das concorrentes cobrindo ao vivo o comício da Sé, com 300 mil pessoas. A mobilização já tomava conta do país. 

E no dia 16 de abril, o Vale do Anhangabaú recebe a maior multidão da nossa história política, mostrada em todas as tevês e nas capas dos jornais... incluindo a histórica capa dupla do Jornal da Tarde, que virou pôster nas ruas naquele dia seguinte. 

Nove dias depois, a emenda Dante de Oliveira perdia por 22 votos na Câmara. Mas a democracia não - ela saiu forte daquela jornada histórica, seguiu seu caminho e os embates que tem enfrentado e vencido provam isso.