
As tilápias, peixes cultivados em tanques redes no Brasil, estão conquistando o coração dos consumidores de outros países, principalmente nos Estados Unidos. Em 2024, as exportações da piscicultura brasileira apresentaram um crescimento recorde, com a venda de 13,7 mil toneladas, um aumento de 102% em relação ao ano anterior. Em receita, essas exportações geraram US$ 59 milhões, 138% a mais que em 2023. Os dados constam no Informativo Comércio Exterior da Piscicultura, produzido pela Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).
Lá fora, são as filés frescos que fazem o maior sucesso e, principalmente, os de tilápia. O peixe representa 94% das exportações brasileiras.
De acordo com o informativo, as vendas de tilápia totalizaram US$ 55,6 milhões, uma alta de 138% em relação ao ano anterior. Em volume, houve um crescimento de 92%, atingindo 12.463 toneladas de tilápia vendida a outros países. Outros peixes como os curimatás ocuparam a segunda posição nas exportações, com US$ 1,2 milhão e crescimento de 437% em valor.
Dólar alto estimula exportações
Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, explica que o motivo do aumento de 138% no valor exportado deve-se à redução no preço da tilápia no mercado interno. “Houve uma importante queda no preço da tilápia pago ao produtor ao longo de 2024. Se, no final de 2023, o preço da tilápia pago ao produtor chegava a uma média de R$ 9,73 o quilo, ao término de 2024 esse valor caiu para R$ 7,85, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea. Isso estimulou que algumas empresas passassem a mirar o mercado externo”, explicou.
O aumento da cotação do dólar frente ao real também é outro fator que justifica o aumento das exportações, além da elevação da produção da tilápia. “Houve um aumento de produção da espécie, e o mercado interno não absorveu a maior oferta. Com isso, as empresas buscaram outros países para vender o pescado”, explica Pedroza.
Os Estados Unidos foram o país que mais importou a tilápia brasileira. Eles foram responsáveis 89% das exportações. Já os peixes nativos foram a preferência do Peru, que importou US$ 1,1 milhão de curimatá, US$ 746 mil de pacu e US$ 571 mil do nosso tambaqui.
Brasil gosta do salmão
Apesar do crescimento recorde nas exportações em 2024, a balança comercial de produtos da piscicultura fechou com déficit de US$ 992 milhões, devido ao aumento das importações que atingiram US$ 1 bilhão. O salmão é a principal espécie importada pelo Brasil, seguido pelo pangasius. “Houve um aumento de 9% em valor da importação do salmão e em 5% em volume, atingindo a marca de 909 milhões de dólares. Isso corresponde a 87% do volume total importado pelo país”, afirma Pedroza.