Os recentes casos de gripe aviária (H5N1) que atingem os Estados Unidos provocaram uma ‘Crise do ovo' no país. Uma caixinha com 12 ovos, que antigamente custava até US$ 4, agora é vendida por US$ 12. “Isso quando a gente acha ovo no supermercado”, diz o correspondente da Band nos Estados Unidos, Eduardo Barão, em entrevista à Radio Bandeirantes na manhã desta quarta-feira (5).
Os casos da doença levaram as autoridades sanitárias do país a abaterem milhões de aves para evitar a contaminação. Nos Estados Unidos, a doença já contaminou humanos e um homem de 65 anos morreu no estado de Louisiana no início de janeiro. Foi o primeiro caso grave de infecção humana pelo vírus H5N1 detectado no país, mas no ano passado, casos da doença foram confirmados em um grupo de colaboradores de uma granja. Em 2024, um homem também morreu no México devido à gripe aviária. Os dois, no entanto, já tinham vários problemas de saúde anteriores.
Apesar disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a gripe aviária de risco baixo para humanos. Nos animais, porém, a doença é altamente contagiosa e mortal. Aves e mamíferos podem ser infectados. Nos Estados Unidos, além das aves, vacas leiteiras foram contaminadas.
No estado da Califórnia, o governo já havia decretado estado de emergência por causa da doença em 2024 após o surto. No estado da Geórgia, as autoridades sanitárias ordenaram a paralisação de todas as atividades avícolas para tentar conter o surto.
Roubo de ovos
Com o avanço da doença no país, o setor de ovos ficou desabastecido e nas tradicionais cafeterias americanas, que tem um movimento muito intenso para o café da manhã, onde os ovos são os protagonistas, os lojistas estão cobrando uma taxa de US$ 0,50 por ovo consumido. A tendência é que nos próximos idas, até os restaurantes americanos comecem cobrar taxas por consumo de ovo.
O ovo virou um produto tão valorizado que, na Pensilvânia, homens roubaram uma carga de 100 mil ovos. “O ovo tá tão caro que ficou mais interessante roubar ovo do que…diamantes”, compara Barão. “Quando há ovo no mercado, o pessoal está comprando quase tudo”.
Oportunidades para o Brasil
A crise do ovo nos Estados Unidos abre oportunidades para o Brasil elevar as exportações de ovos neste ano. No ano passado, o setor exportou 18.469 toneladas de ovos, mas tem capacidade de aumentar este volume. Em 2024, a produção de ovos no Brasil atingiu o maior número já registrado com 57,6 bilhões de unidades, quase 10% a mais que no ano anterior. Como o país está livre da gripe aviária nas granjas comerciais, o mercado global está de olho nos ovos brasileiros.
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em entrevista concedida à AgroBand em dezembro, já vinha sinalizando a possibilidade de aumento nas exportações neste ano. Ele disse que, além do aumento no consumo de ovos no Brasil, o status livre de gripe aviária deve incrementar as exportações. "[o setor de ovos] Espera a abertura do mercado do bloco europeu e do Reino Unido para os ovos em 2025, o que deverá mudar o fluxo de exportações”, afirmou.
De acordo com o executivo, os protocolos sanitários adotados pelo Brasil no início dos surtos da gripe aviária é um sucesso mundial e hoje, apenas o Brasil está livre da doença, que tambem se espalha pela União Europeia e Ásia. Até hoje, o país contabilizou 166 casos positivos da doença - 155 detectados em aves silvestres migratórias, 5 em mamíferos aquáticos e 3 em aves de subistência (aves caipiras), de acordo com o painel de monitoramento da gripe aviária do Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimetno (Mapa).