Com apenas 28 mil habitantes e 864 km² de área territorial, a cidade de Casa Branca, no interior de São Paulo, tem peso relevante na balança do agronegócio nacional. O município é o maior produtor brasileiro de laranja e o principal paulista no cultivo de batatinha, mas a sua marca mais relevante, mesmo, tem a ver com as relações umbilicais com a jabuticaba, "frutas em botão" na linguagem tupi.
O Tá no Campo, Tá na Mesa, do Melhor da Noite, foi até uma fazenda de jabuticabas e mostra como é feita a produção e o beneficiamento da fruta, que leva até 15 anos para começar a ser produzida a partir de uma muda. Na fazenda da família da Priscila Fagan, são cultivadas 30 mil árvores de jabuticaba.
A safra nacional de jabuticaba gira em torno de 4 mil toneladas da fruta e somente os pomares que estão concentrados na região de Casa Branca são responsáveis pela produção de 50% desse volume.
A família Fagan é uma das pioneiras no cultivo da jabuticaba na cidade e o bisavô da Priscila foi quem idealizou os primeiros pomares. De acordo com Priscilla Fagan, o cultivo de jabuticaba é rentável, porém exige investimentos a longo prazo. "O cultivo é feito com irrigação por aspersão em cada pé - fomos os pioneiros em importar [essa técnica] de Israel - e a análise de terra para ver a necessidade de nutrientes de cada pomar", explicou Priscilla.
Mesmo com todo o investimento financeiro e tecnológico, ressalta a empresária, a produção da fruta é quando a árvore quer. "Podemos só estimular e monitorar. A produção varia por ano porque o clima influencia muito. São feitas até duas colheitas em cada pomar, no ano".
Como o crescimento da jabuticabeira e as florações são lentas - a depender da variedade, a primeira safra pode demorar 8 anos para acontecer - a estratégia adotada para compensar a espera é o plantio alternado com outras culturas agrícolas, como laranja, milho, limão e café.
"O plantio em consórcio ajudou. Até uns 25 anos, o pé da jabuticaba é pequeno. Laranja com um ano já começa a produzir. É necessário diversificar, porque [do contrário] as contas não fecham", pontuou a empresária, informando que 70% de toda área é só jabuticaba.
Ela destacou que a frutinha nativa da Mata Atlântica turbina o mercado de trabalho, especialmente durante a safra anual em setembro. "Na época da colheita, mais de mil pessoas são empregadas", informou.