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“Navio da morte” volta ao Brasil para embarcar mais 15 mil bois vivos

Em fevereiro, o mesmo navio zarpou de um porto no Rio Grande do Sul com 19 mil bois vivos e ficou retido na Cidade do Cabo, na África do Sul, após inspeção

Da Redação

Gado dentro do navio Al Kwuait
Gado dentro do navio Al Kwuait
NPSCA/MFA

O navio Al Kwuait, que em fevereiro deste ano ficou retido na Cidade do Cabo, na África do Sul, com 19 mil bois vivos embarcados, atracou no Porto de São Sebastião, no litoral de São Paulo, para novo embarque de bovinos vivos. Desta vez, cerca de 15 mil animais vivos devem embarcar no navio, conforme a ONG Internacional Mercy for Animals.

Em fevereiro, a mesma embarcação estava transportando 19 mil bovinos vivos oriundos da Estância Del Sur, fazenda com sede em Capão do Leão, no Rio Grande do Sul, com destino ao Iraque, quando atracou na Cidade do Cabo, na África do Sul, para abastecimento e alimentação. 

Os fiscais do Conselho Nacional da Sociedade para Prevenção da Crueldade contra Animais da África do Sul (NSPCA, na sigla em inglês) relataram que no navio, havia acúmulo de fezes e amônia, que é originada na urina do gado e que entre os animais, oito precisaram ser sacrificados devido aos maus tratos e também já havia animais mortos no rebanho. Um animal bovino adulto produz, em média, 30 quilos de esterco por dia.

Segundo um comunicado emitido pelo NSPCA em fevereiro, as fezes acumuladas dos animais já estavam na altura de seus cascos e a preocupação dos médicos veterinários locais eram relacionadas às condições que os animais teriam ao seguir viagem.

Com a retenção do navio na Cidade do Cabo, o forte cheiro do esterco do navio contaminou boa parte da cidade, conforme publicou o jornal britânico The Guardian, na época. O NSPCA apelidou a embarcação de “Navio da Morte”.

Segundo nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as condições dos animais e da embarcação, ao deixar o Brasil estavam todas de acordo com a legislação, que segue um padrão sanitário.

Exportação de gado vivo do Brasil

No ano passado, o volume de gado vivo exportado pelo Brasil, também chamado gado em pé, principalmente a países do Oriente Médio e a Turquia, aumentou quase 299%, com o embarque de pelo menos 582 mil animais (e um faturamento de US$ 488,6 milhões). 

De acordo com o Mapa, esse aumento foi significante no ano passado porque a Turquia retomou as compras (paralisadas na pandemia) e importou 370 mil animais. O Iraque (que era o destino do navio Al Kwuait) aparece como o segundo maior importador de gado vivo brasileiro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o estado do Pará foi o principal exportador de gado vivo (40%) e em seguida, São Paulo e o Rio Grande do Sul.

A exportação do "gado em pé" consiste no transporte do gado vivo para outros países para a engorda ou abate conforme preceitos religiosos. Segundo a Ong Mercy for Animais, todos os anos cerca de 2 milhões de bois vivos são transportados pelos oceanos.

Organizações de defesado bem-estar animal pedem que o Senado Federal analise com urgência um Projeto de Lei (PL) que pode proibir a exportação de animais vivos por navio para abate no exterior.

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