Os preços do trigo dispararam nos contratos futuros da Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, e que servem como parâmetro mundial, após a Rússia abandonar o acordo de exportação de grãos pelos portos do Mar Negro. O aumento já chega a 8% em apenas três dias.
O acordo permitiu, no último ano, o escoamento de cerca de 33 milhões de toneladas de grãos pelos portos do Mar Negro (Ucrânia), para diversos países e o fim do acordo traz de volta a preocupação com a inflação de alimentos. Com o acordo, que foi fechado no ano passado, o preço global dos alimentos caiu 20%.
O preço dos grãos gera um efeito cascata, pois além da alimentação humana, servem como base para a produção de rações, que sustentam as criações de animais como bovinos, frangos e suínos, gerando maiores custos para estes alimentos.
A Rússia sinalizou que poderá voltar atrás no acordo se suas demandas forem atendidas e uma delas é a recolocação do Banco Russo Agrícola no mercado de pagamentos internacionais, o chamdo swift. Essa foi uma das sanções aplicadas pelo Ocidente após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia. Putin, presidente da Rússia, afirmou que enquanto as demandas não forem atendidas, qualquer embarcação que estiver no Mar Negro será um possível alvo.
Além da produção de trigo, a Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de óleo de girassol, milho e cevada. O bloqueio no Mar Negro aponta que cerca de 20 milhões de toneladas de grãos ficarão presas em portos ucranianos, o que deve pressionar todos os preços e causar escassez de alimentos, principalmente nos países mais pobres da África e Oriente Médio, que são dependentes de importações.
Apesar de o Brasil ser um grande produtor de milho, trigo e outros produtos, o preço também pode refletir no bolso do consumidor, já que estes alimentos são commodities e seus preços variam conforme o mercado internacional.