Mulher é arrastada por carro, perde mão e mamas, mas encontra grande amor no dia do acidente

Paula Thays foi arrastada por um carro por 4 km. Com o acidente, precisou ter a mão esquerda amputada, além de sofrer fraturas nos joelhos, ferimentos graves no pé, ombros, abdômen e perdeu as duas mamas. João, que a socorreu no acidente, hoje é seu marido. Leia a história completa do Quem Ama Não Esquece, da Band FM, do dia 14 de fevereiro de 2025:

Muitas vezes, o pior momento da sua vida é, também, o começo de uma nova história. Esta é a prova de como o destino, mesmo nas adversidades, pode nos surpreender.

Eu namorava o Claudio e era muito apaixonada por ele. Um dia, ele quis terminar tudo entre nós e o meu mundo desabou. Eu não quis de jeito nenhum, porque gostava demais dele e estava disposta a tentar mais e mais, até a gente se acertar. No fim, ele aceitou continuar comigo e acreditei de verdade que as coisas iam ficar bem. Mas, só dois dias depois, tudo mudou para sempre.

Uma amiga convidou a gente e outro amigo chamado João para comer um hambúrguer. Ela sabia que eu estava mal com a história do Claudio querer terminar e foi ótimo sair para me distrair com nossos amigos.

Na hora de ir embora, eu e o Claudio subimos em uma moto, enquanto o João e a nossa amiga foram em outra. O meu namorado estava andando em velocidade alta, mas quando viu um radar, diminuiu, e foi aí que o carro que vinha logo atrás bateu na gente com tudo.

O Claudio foi jogado para o outro lado da pista enquanto eu fiquei presa no capô desse carro.

Tudo o que me lembro é de não conseguir soltar a minha mão e do meu desespero tentando me soltar e ser arrastada por mais de 4 km. Depois, minha visão ficou toda embaçada, cai e o motorista simplesmente fugiu.

Graças a Deus, meus dois amigos estavam logo atrás da gente e viram toda a cena. O João ainda tentou correr atrás do motorista que tinha fugido, mas não conseguiu. Então, voltou e ficou gritando para alguém vir me ajudar. 

Eu me lembro de, ainda meio zonza, acordar no chão, antes de me levarem para o hospital, e só consegui ver a minha mão totalmente ensanguentada. Ali, para ser sincera, não conseguia sentir nenhuma parte do meu corpo. Eu estava totalmente paralisada. Tudo o que me lembro é que várias pessoas estavam paradas ao meu redor e de uma voz que falava comigo sem parar. 

- Paula, Paula! Fica acordada! Olha pra mim! Eu tô aqui, tá bom? Eu estou aqui com você. Fica acordada, por favor. Não dorme. Você precisa chegar viva no hospital. Por favor, Paula!

Eu sabia que era a voz do João, o meu amigo, me chamando, mas, não conseguia responder. 

Quando eu cheguei no hospital, eu entrei em coma e fiquei entubada por uma semana. 

Assim que acordei, nem sabia onde estava. Na hora em que abri os olhos, na mesma hora eu vi e comecei a gritar. Gritar desesperada: "cadê? Cadê a minha... cadê a minha mão?".

Uma enfermeira veio me acudir e me explicou com calma que eu tinha perdido a mão no acidente em que havia sofrido. E não foi só. Além disso, tinha ferimentos por todo o meu corpo, joelho, ombro, pé, abdômen... a situação toda era muito crítica.

Eu só queria ir para casa, ser cuidada pela minha mãe, mas essa nem era uma opção. Eu teria que ficar no hospital sabe se lá por quanto tempo.

Já era tudo muito ruim, mas quando fui fazer a troca dos curativos, descobri que era ainda pior: quando olhei para baixo, vi que eu também tinha perdido as minhas duas mamas. Meu corpo estava mutilado.


Eu fiquei arrasada! Mexia com a vaidade, com a autoestima e, de repente, me vi ali sem me sentir eu mesma. A médica pediu para eu me acalmar e falou que no futuro, assim que eu melhorasse, poderia colocar uma prótese. Nossa! Foi difícil demais, mas também serviu como combustível para mim, uma motivação para eu lutar por mim mesma. 

Durante os dias em que fiquei no hospital, o meu amigo João, que me socorreu no dia do acidente, queria me visitar, mas como, teoricamente, eu ainda estava namorando o Claudio, ficava meio esquisito ele aparecer por lá. Mal sabia o que o cara que eu achava que era o meu namorado estava fazendo...

Foram 38 dias internada até eu receber alta e foi só aí, quando eu já estava bem, que soube algo horrível: quando ainda estava em coma, naqueles primeiro dias, o Claudio já estava ótimo, recuperado do acidente, bebendo e se divertindo com amigos e mulheres em festas.

Ele nem quis saber de mim. Ele nem se preocupou comigo. Tudo bem que dias antes do acidente ele tinha cogitado terminar, mas depois de tudo o que eu passei, ele nem teve a compaixão, nem se deu ao trabalho de saber como eu estava. Fiquei muito, muito mal e, para mim, aquilo foi pior do que uma traição. Eu realmente esperava que ele estivesse ao meu lado, cuidando de mim, mas ele não tinha nenhuma consideração por mim e pelo tempo que nós ficamos juntos. 

Depois que sai do hospital e soube de tudo isso, também já não queria mais saber dele e cheguei até a falar para minha amiga que não ia me envolver com mais ninguém tão cedo, porque tinha sido muito sofrido para mim. Eu não merecia, sabe? Não merecia passar por tudo aquilo outra vez. Mas ela ria e respondia que, quando fosse a pessoa certa, eu não ia precisar ter medo. 

Algumas semanas se passaram e enquanto eu me recuperava em casa, o meu amigo João me mandava mensagem sem parar perguntando como eu estava e se estava precisando de alguma coisa. Ele foi um amigo muito especial, que procurou estar ao meu lado o tempo todo.

- Alô? Oi, Paula. Tudo bem? O que você está fazendo?

- Ah, nada... estou aqui, deitada.

- Te liguei para fazer um convite. Vamos para a igreja comigo?

- Sério? 

- Sim! Vai ser bom pra gente. Vamos!

Eu admito que era tudo o que eu precisava naquele momento. Estar ali me fez muito bem, porque sabia que só o fato de estar ali, respirar, andar, falar... significava que o próprio Deus tinha me guardado e me dado mais uma chance para viver. Aquele dia ficou muito marcado em mim.

Mas, não foi só isso. Além da igreja, João também me convencia a fazer caminhadas para ajudar na minha recuperação e tinha toda a paciência do mundo comigo. Quando nós fazíamos essas caminhadas, ele me contava mais sobre si mesmo. Eu também fui compartilhando algumas coisas do meu passado. 

Sim, a gente já se conhecia, mas aqueles dias foram diferentes. Foi ali que a gente realmente conheceu de verdade um ao outro, e ele me fazia muito bem!

Oito meses depois do acidente, quando já estava melhor, o João me convidou para ir a um show. Eu achei que ia ser uma boa porque, afinal, eu era nova e precisava viver.

Foi no meio daquele show que eu senti pela primeira vez alguma coisa realmente acontecendo. O João me abraçava, brincava e dava para ver que era de um jeito diferente. Eu sentia que era. 

Estava acontecendo alguma coisa dos dois lados! Tanto que no dia seguinte ele quis conversar comigo:

- Paula, não dá para fingir. 

- O que? 

- Eu já sabia, mas ontem eu vi ainda melhor que eu sinto alguma coisa por você. Alguma coisa além da nossa amizade. 

- Eu... eu também.

- Você quer tentar?

- Você diz "ficar"?

- Não! Eu quero dizer namorar. Eu quero namorar sério com você.

Eu não esperava um pedido assim, tão sério logo de cara, mas eu gostei e isso fez toda a diferença. Mas, eu tinha uma viagem marcada com uns amigos logo na sequência e, por isso, apesar de ter ficado feliz com o pedido dele, nada realmente aconteceu entre nós. 

Só quando eu voltei dessa viagem, três dias depois, é que ele me chamou para sair e aconteceu o nosso primeiro beijo. O João se declarou, disse que já era apaixonado por mim há muito tempo e que queria passar o resto da vida ao meu lado. Naquele mesmo dia, ele ainda fez questão de ir até a minha casa pedir a permissão da minha mãe para namorar comigo. 

A partir daí foi tudo muito rápido e só quatro meses depois do nosso primeiro beijo, veio uma surpresa que mudou a nossa vida para sempre e para melhor. Minha menstruação atrasou e os médicos disseram que era difícil que eu estivesse grávida por causa dos remédios fortes que eu ainda tomava. Mas, quando eu fiz o exame, não tinha mais dúvidas: eu estava mesmo esperando um filho.

Eu fiquei apavorada, com muito medo também por causa das cicatrizes que eu tinha pelo corpo. Mas, esse medo não durou muito, porque eu tive o apoio das pessoas mais importantes da minha vida: a minha mãe, o João e, principalmente, Deus.

No meu momento de maior desespero, a primeira coisa que veio na minha mente foi: “se Deus permitiu que eu tivesse um filho, Ele vai me dar condições de cuidar”. E foi o que aconteceu!


Apesar de a minha gravidez ser de risco, deu tudo certo. Meu filho nasceu, o João veio morar comigo e com a minha mãe e um ano depois, conquistamos o nosso próprio cantinho. 

É até emocionante falar, mas... mas Deus tinha um propósito. Hoje, ao olhar para trás, eu entendo. O amor da minha vida, o meu companheiro, o pai do meu filho, foi também o homem que ajudou a me salvar no pior dia da minha vida.

Acho que eu sou a prova viva de que tudo tem uma razão de ser. Eu vivi uma tragédia, mas no pior momento, descobri um novo sentido e entendi que ali estava a porta para o meu recomeço. 

Às vezes, algo dá errado justamente para nos fazer parar e refletir, e para nos mostrar um novo caminho.... o caminho que nos levará à verdadeira felicidade.

João, obrigada do fundo do meu coração por me salvar, por estar ao meu lado em todos os momentos, mesmo nos dias mais doloridos e por me aceitar como sou e por ter me dado uma família linda.

Eu te amo e sempre te amarei, até a eternidade. Você foi o presente que Deus colocou no meu caminho para me mostrar que o verdadeiro amor não desiste. Ele fica. Ele cuida. Ele transforma.

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