Mulher vive casamento abusivo, sofre tentativa de assassinato e vira fugitiva por medo de ex

Patrícia viveu 13 anos em relacionamento abusivo. Mesmo buscando ajuda da Justiça, nunca foi protegida. Após tentativa de assassinato, fugiu e recomeçou a vida em segredo. Leia história do Quem Ama Não Esquece

A Patrícia viveu 13 anos em um relacionamento abusivo marcado por agressões físicas, ameaças e perseguições. Mesmo buscando ajuda da Justiça, nunca foi protegida. Após uma tentativa de assassinato, fugiu e recomeçou a vida em segredo. Leia abaixo história completa do Quem Ama Não Esquece, da Band FM:

Nem sempre a gente sabe o peso de quem coloca dentro da nossa vida. Só descobre quando é tarde demais.

Tudo começou quando, um dia, resolvi conversar com um rapaz que morava em frente a casa da minha mãe. Eu já tinha o visto algumas vezes, mas, até então, a gente nunca tinha se falado.

Só que depois daquela primeira conversa, tudo aconteceu muito rápido. Nós nos apaixonamos, começamos a namorar e logo ele estava morando comigo.

No começo foi tudo maravilhoso. Mas, aos poucos, fui vendo o monstro que eu tinha colocado para dentro da minha casa.

Eu logo comecei a reparar algumas coisas estranhas, algumas amizades suspeitas e passei a suspeitar que ele estava usando drogas.

Infelizmente, não demorou muito e descobri que minhas suspeitas estavam certas. Em um determinado momento, ele não conseguia mais esconder que realmente era mesmo um viciado.

E não foi só isso. Além de ser um usuário de drogas, ele também se tornou um homem agressivo. Primeiro foram só palavras, xingamentos, humilhações. Mas, depois vieram as agressões físicas. Quando eu tentava terminar, ainda recebia ameaças.

- Enlouqueceu é? Você acha que é só falar que vai "terminar" e pronto? Não é bem assim, não.

- Eu preciso de alguém que me ame de verdade, que cuide de mim, que queria estar comigo. Você não me ama, isso não pode ser amor.

- Olhe bem pra mim, Patrícia, olhe bem. Presta atenção no que eu vou falar: se você se separar de mim, eu mato você. Ouviu? Eu te mato e mato sua mãe, seu pai, todo mundo. Todo mundo que você ama. Eu não estou brincando.

É... eu tentei, mas era sempre assim. Com ameaças, ele me fazia ficar. Aquilo me paralisava. Como ninguém sabia pelo que eu passava, tinha medo também de contar e o meu marido fazer alguma coisa contra eles. Foi assim que eu me convenci de que a minha vida seria essa para sempre.


Nós ficamos juntos por 13 anos e tivemos um filho, que ele tratava como um nada. Era como se, simplesmente, ele não fosse pai. Meu filho, inclusive, presenciava tudo, todo o terror que ele me fazia passar e, muitas vezes, tentou me ajudar, até me proteger, mas ele era só uma criança. Uma criança que não merecia passar por nada daquilo.

Em uma época, meu marido foi preso por roubo. Ele ficou cinco anos na cadeia e foram os melhores anos da minha vida. Mesmo que ele me obrigasse a visitá-lo na prisão para levar algumas coisas, eu me sentia com o mínimo de paz.

Enquanto ele estava detido, até parecia outra pessoa. Parecia que tinha aprendido a lição e que havia luz no final do túnel. Confesso que uma esperança começou a nascer dentro de mim.

Realmente, depois dos cinco anos preso, ele se tornou uma pessoa diferente e até boa para mim. Mas, aquela felicidade não durou muito. Alguns meses depois, voltou a ser quem era, a fazer o que fazia e a me agredir.

- Patrícia, eu vou passar uns dias viajando. Vou tirar umas férias, descansar. Vocês ficam.

- A gente fica? Você vai deixar a gente aqui?

- Não tem lugar no carro. Vocês ficam e eu vou.

Eu não acreditei naquilo. Eu tinha visitado aquele homem na cadeia por cinco anos, aguentei todo o ódio dele, toda a loucura, todas as coisas ruins e um dia ele simplesmente resolve tirar uns dias para viajar e deixa a mim e ao nosso filho?

Mas, o que parecia ser uma coisa ruim, poderia se tornar uma coisa boa. Eu aproveitei que ele foi e coloquei todas as coisas dele para fora, tudo, e avisei para que ele nunca mais voltasse para nossa casa.

Eu queria que o fim da minha história fosse esse. Que ela acabasse aqui. Mas, na verdade, foi aí que começou a pior parte dela.

Depois que o meu marido voltou, ele passou a me perseguir como um lunático. Ele me procurava pela rua, ia na porta do meu trabalho e da minha casa. Mas o pior mesmo foi a vez em que ele colocou fogo na minha casa enquanto eu dormia. Fogo. Ele botou fogo. Ele tentou me matar! Graças a Deus eu consegui sair a tempo, mas, naquele dia, eu vi que ele era capaz de tudo.

Durante todo esse tempo, sempre que eu sofria as agressões, ia atrás da Justiça. Desde a primeira vez, fui à delegacia denunciar, mas eu nunca fui ouvida. Em várias delegacias diferentes em que estive, nunca me levaram a sério. Eu tenho vários boletins de ocorrências guardados que nunca me serviram de nada. A Justiça me deixou para morrer, essa é que é a verdade.

Depois do episódio do incêndio, vi que eu não podia mais esperar. Se ele não ia embora, eu é quem tinha que ir. Eu tinha que sumir do mapa. E foi isso o que eu fiz.

Eu mudei de casa, de trabalho e desapareci. Hoje, ele não sabe onde eu estou, onde eu moro, por onde eu ando. Nem me identificar aqui, na Band FM, eu posso para não correr risco.

Mas, as ameaças aos meus irmãos continuam. Esse homem é um psicopata e, infelizmente, ele está solto nas ruas. Está solto, enquanto eu, a vítima, me sinto uma prisioneira fugitiva. 

Por conta de todos esses traumas que passei, precisei fazer acompanhamento psicológico e meu filho, também. Nós sofremos demais na mão desse homem. Mas, quando eu comecei a me recompor, conheci uma nova pessoa, o Cícero, um homem incrível, que me respeitou desde o começo e que teve muita paciência com as minhas cicatrizes.

Nós já estamos juntos há 3 anos e hoje, vejo o que é amar de verdade. Eu vivo ao lado dele uma vida que eu nunca imaginei viver. 

Sim, hoje me considero uma mulher muito feliz, mas eu carrego as sequelas do que eu vivi dentro do meu coração. Até hoje tenho medo de sair na rua sozinha. Eu não consigo ir ao mercado, ao shopping ou a qualquer outro lugar se eu não estiver com alguém por medo de encontrar o meu ex. Graças a Deus eu tenho o Cícero ao meu lado. Graças a Deus. É até engraçado pensar nisso.

Eu sempre fui ouvinte do Quem Ama Não Esquece e quando apareciam algumas histórias de amor felizes, com homens dedicados, cuidadosos e amorosos, eu duvidada que fossem verdade. Eu fui tão maltratada que eu achei, de verdade, que não existiam pessoas boas neste mundo, mas ainda bem que Deus me mostrou que eu estava errada e colocou o Cícero no meu caminho. 

Eu nem acredito que eu sai daquele inferno que eu vivia, mas hoje eu estou aqui, amando e sendo amada e contando que o amor bom e saudável existe isso. É real. Que essa história seja um lembrete: nunca desistam de lutar pela felicidade. Ela está esperando por vocês, mesmo nos momentos mais sombrios.
 

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