Em um encontro realizado durante esta semana para marcar o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, celebrados em 28 de maio, números apresentados pelos organizadores mostraram que a luz vermelha está acesa para situação de violência contra a mulher. Uma das apresentações, feita pela enfermeira Ana Paula Crivelaro Ferreira, articuladora do Sistema de Notificação de Violência (Sisnov) de Campinas, trouxe a distribuição das notificações de violência contra a mulher de 10 a 49 anos entre 2019 e abril de 2022.
Em 2019, as notificações de violência física representavam 36% do total, vindo, em seguida, 21% de violência sexual e 15% de tentativa de suicídio ou suicídio. Já em 2020, a violência física para o mesmo público ficou com 34% do total, seguida de 25% para sexual e 16% para tentativa de suicídio/suicídio. Em 2021, os números ficaram respectivamente em 33%, 24% e 20%; e em 2022, nos quatro primeiros meses do ano, em 28,5%, 27% e 19%.
“As tentativas de suicídio tiveram um aumento, o que nos preocupa bastante. Precisamos voltar os olhos para as possíveis violências que as mulheres estão sofrendo e que as motivam às tentativas de suicídio”, destacou Ana Paula.
Violência em geral
No total, em 2019, foram feitas 1.415 notificações de violência contra as mulheres, 1.179 em 2020, 1.533 em 2021 e 474 de janeiro a abril deste ano. A maioria envolve mulheres de 20 a 59 anos, seguida por 10 a 19 anos de idade. “As notificações caíram de 2019 para 2020 como reflexo da diminuição da assistência direta à população na área da saúde, assistência e educação e no ano de 2021 volta a crescer com o retorno das atividades”, contou Ana Paula.
O coordenador do Comitê Municipal de Vigilância de Óbito Materno, Infantil e Fetal, André Pampanini Melo, que é ginecologista obstetra, apresentou os dados levantados pelo órgão, como o número de mortes de mulheres em idade fértil em Campinas (10 a 49 anos).
Segundo ele, na série histórica de 2012 a 2020, a média anual de mortes de mulheres nesta faixa etária era de 286. Já no ano de 2021, o número subiu para 501. “Vínhamos numa queda do coeficiente de mortalidade e de 2020 a 2021 houve um crescimento de 76,4 para 125,1 (a cada 100 mil mulheres)”, apontou.
Com relação às causas entre 2012 e 2021, as principais foram neoplasias (28,2%), doenças do aparelho circulatório (18,5%), causas externas (16,4), outras doenças (15,5), aparelho respiratório (6,7%), doenças infecciosas (6,7%), aparelho digestivo (4,6%) e endócrinas (3,4%). A principal mudança, entre 2020 e 2021, foi em relação às doenças infecciosas (entre as quais está a covid-19), que passaram a ocupar 32,6% das causas de óbitos, ultrapassando todas as outras.