Campinas tem alto risco de reintrodução da paralisia infantil

Três a cada dez crianças estão com a vacinação atrasada, o que fez Saúde promover a campanha “Não paralise os sonhos de uma criança”

Por Rafaela Oliveira

Secretaria de Saúde fará eventos para sensibilizar sobre importância das vacinas Divulgação
Secretaria de Saúde fará eventos para sensibilizar sobre importância das vacinas
Divulgação

A Prefeitura de Campinas lançou a campanha “Não paralise os sonhos de uma criança”,  nesta quarta-feira (09), em resposta à baixa adesão à vacinação contra a poliomielite. De acordo com o Ministério da Saúde, a cidade está entre os municípios com alto risco de reintrodução da doença

Atualmente, três a cada dez crianças estão com a vacinação atrasada. Durante todo o periodo de campanha, a cobertura parcial deste ano é de 68,2%. A meta da Secretaria de Saúde é vacinar 95%.

A doença foi erradicada nas Américas em 1994, através das campanhas de vacinação – sendo o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Brasil uma referência mundial. Entretanto, a doença ainda é registrada em outros países e Campinas, por ser um polo, pode expor as crianças à doença.

O secretário de Saúde Lair Zambon disse que a queda nas coberturas vacinais é um fenômeno global que se acentuou com a pandemia. Ele também explica a falta de preocupação da doença por falta de proximadade com vítimas: 

Especificamente em relação à poliomielite também não existe mais a percepção de risco. Hoje ninguém mais conhece um caso desta doença – o último foi registrado no Brasil em 1989. Mas a poliomielite  ainda existe no mundo e as baixas coberturas vacinais aumentam o risco de reintrodução do vírus. Se chegar, faz um estrago enorme pelo fato de ser muito contagiosa. 

Risco de reintrodução

Segundo o Ministério da Saúde, pelo menos 80% dos municípios do país têm risco alto ou muito alto para a reintrodução da doença. Campinas tem risco muito alto, pois conta com um fluxo de pessoas de diversas regiões do mundo por meio do Aeroporto Internacional de Viracopos e da extensa malha rodoviária que passa pela região. Além disso, a Região Metropolitana de Campinas (RMC) é considerada polo industrial, comercial, universitário e de pesquisa. 

Estes fatores, aliados à queda da cobertura vacinal nos últimos anos, aumentam o risco de reintrodução da paralisia. Em 2015, a cobertura em campinas era de 101,7%. A de 2021 ficou em 82,8%. A meta é vacinar pelo menos 95% do público-alvo. A cobertura parcial deste ano é de 68,2%. 

A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, afirmou que a situação é bastante preocupante. “Existe o risco real de a paralisia infantil e outras doenças da infância serem reintroduzidas."  

Para localizar crianças com esquema vacinal incompleto e, dessa forma, aumentar a cobertura da vacina, a Secretaria de Saúde intensificou a busca ativa. Para facilitar o acesso, ampliou os horários das salas de vacinas e vacinou estudantes em escolas municipais e estaduais. Para sensibilizar o diagnóstico foram realizadas capacitações para os profissionais de saúde. 

Incentivo 

Para incentivar a vacinação e “premiar” quem atualizar a carteira de vacinação, a Secretaria de Cultura, em parceria com o Circo do Chaves, vai doar um par de ingressos para cada criança vacinada. A distribuição começará nos próximos dias. 

“É um estímulo para os pais levarem as crianças às unidades de saúde. Acredito que uma coisa como o circo, que fala de sonho e de esperança, pode trazer uma leveza no processo e colaborar no alcance da meta de vacinação”, afirmou a secretária de Cultura Alexandra Caprioli. 

 *Sob supervisão de Rose Guglielminetti.