Celebrado em 18 de abril, o Dia Nacional do Livro Infantil foi criado com o objetivo de incentivar o hábito da leitura entre as crianças desde os primeiros anos de suas vidas. Muitos pais entendem a importância desse incentivo, que vai desde o desenvolvimento da criatividade até o da coordenação motora, porém ficam na dúvida sobre qual leitura oferecer em cada faixa etária.
Em Sorocaba (SP), a papelaria e livraria Pedagógica auxilia quem quer promover o hábito da leitura em todas as idades. A gerente de compras Juliana Batista traz algumas dicas dos tipos de livros mais indicados para bebês e crianças até 12 anos. Segundo ela:
- Até seis meses: as melhores opções são os livros de banho e de tecido, que, além de ajudarem a introduzir a leitura no cotidiano dos bebês, funcionam como uma distração durante os banhos;
- De seis meses a um ano: livros sensoriais para as crianças passarem os dedos e irem sentindo as texturas, além dos sons e imagens;
- Um a três anos: para que as crianças possam interagir, opte por livros que utilizam fantoches na hora de contar as histórias;
- Três a seis anos: livros para colorir. Escolha sempre as opções cartonadas para que seja mais difícil de a criança danificar as páginas;
- Seis a oito anos: estamos entrando na fase dos livros de alfabetização, de reforço de caligrafia e dos educativos, que trazem conteúdos aprendidos na escola, como ciências;
- Oito a 10 anos: é nesta faixa etária que a criança se torna mais curiosa. Por isso, uma boa pedida são livros especializados de química, experimentos e outras curiosidades científicas;
- 10 a 12 anos: como a criança está entrando na adolescência, já começa a desenvolver o gosto por alguma leitura específica e a escolher os livros que quer ler sozinha. Uma recomendação é a série "Diário de um Banana". Nesta época, também são introduzidos os livros de vestibular adotados pelas escolas.
"Desde o livro de banho para os bebês, o ideal é estimular a criança a criar uma rotina de leitura, mas sempre com livros que despertem a curiosidade dela. Tem criança que não gosta de ler e acaba ganhando um livro que não é atrativo para ela. Por isso, não pega gosto pela leitura", afirma Juliana.
Estímulo dos pais
Na Livraraia Pedagógica, a procura por livros infantis sempre foi alta, mas aumentou ainda mais após a pandemia da Covid-19, quando as escolas ficaram fechadas e as aulas passaram a acontecer de forma online, o que prejudicou o aprendizado de parte dos alunos.
"Esse é o tipo de livro mais procurado pelos pais na loja para presentear, pois estimula a criatividade, a parte pedagógica da criança e até a coordenação motora. Depois da pandemia, algumas crianças precisaram de reforço na alfabetização, então sentimos um crescimento na demanda por livros para ajudar na escola também", explica Juliana.
Para ela, os responsáveis devem começar a estimular o hábito da leitura nas crianças enquanto ainda são bebês. Além de transmitir conhecimento e desenvolver habilidades, é uma forma de estreitar os laços afetivos.
"Com a leitura, a criança ou adolescente consegue desenvolver o conhecimento, o raciocínio e o vocabulário, que acabam ajudando na escrita e na fala também. E ninguém melhor do que os pais para dar esse incentivo, lendo uma história ou, dependendo da faixa etária, começando a ler um livro e fazendo a criança interagir lendo junto. Isso aproxima a família", diz Juliana.
A leitura como uma alimentação equilibrada
A doula e jornalista Amanda Trentin é um exemplo da preocupação com o hábito da leitura. Logo que sua filha Laura completou um mês de vida, Amanda decidiu assinar um clube de livro infantil. A partir daí, todo mês a família recebe em casa um livro adequado à idade da menina, que hoje tem três anos e nove meses.
"Desde muito cedo líamos para ela, e ela sempre teve acesso fácil à prateleira de livros para que pudesse explorar como quisesse. Na rotina da Laura, nós procuramos sempre ter os livros como aliados para relaxar, acalmar e para viver momentos em família", explica a mãe, de 28 anos.
O incentivo à leitura ainda nos primeiros dias de vida funcionou tão bem que hoje Laura encara o momento de conhecer uma nova história com diversão, aprendizado e relaxamento — a pequena, inclusive, costuma pedir para a mãe ler cinco livros seguidos para ela todo dia.
"Buscamos ler antes de dormir, em tardes ociosas, em passeios a restaurantes e em viagens de carro. Assim, a livramos das telas um pouco e, de quebra, aumentamos o seu repertório de fala, escrita futura e criatividade. Acredito que quem lê consegue alcançar um nível muito especial de inteligência e leveza, além de conseguir abordar assuntos sociais importantes e auxiliar na construção de valores. É um hábito muito saudável para a mente também."
Entre os livros preferidos de Laura, e que Amanda indica para outros pais de crianças, estão os interativos, que convidam o leitor a interagir com a história, participando dela conforme é orientado dentro da narrativa a sacudir o livro, cutucar, soprar, entre outras ações. Um exemplo é o título "A Abelhinha".
"Para mim, a leitura é tão importante quanto uma alimentação equilibrada, porque ler alimenta a mente de coisas boas. E é fundamental que uma criança tenha hábitos saudáveis mentalmente também. Em um mundo tão digital e tecnológico desde a infância, a leitura tem ficado cada vez mais distante da realidade das crianças, o que é uma grande perda."
Segundo ela, a simplicidade dos livros traz oportunidades para as crianças desenvolverem a linguagem oral e escrita, criatividade, raciocínio, memória e um hábito de relaxamento mental. “A leitura na infância proporciona tempo de qualidade entre pais e filhos, o que também é fundamental para uma infância saudável e feliz", completa a jornalista.