Um homem foi preso suspeito de estuprar a enteada de 10 anos, na noite desta terça-feira (27), em Araras (SP). A denúncia foi feita pela mãe da vítima, que declarou à polícia que presenciou a violência.
No depoimento à Polícia Civil, a mãe da vítima relatou que, após presenciar o marido praticando violência sexual contra a filha de 10 anos, a menina disse para ela que os abusos aconteciam há cerca de três anos, mas não contou nada antes por medo.
A mulher ainda relatou que começou a notar um comportamento estranho de seu companheiro em relação à enteada. Além de entrar no quarto da menina com mais frequência, a mulher diz que estranhou brincadeiras com toques e cócegas na filha.
Segundo o Boletim de Ocorrência (BO), a mãe da vítima tinha um relacionamento amoroso de 8 anos com o suspeito e eles viviam juntos desde que a menina tinha cerca de 2 anos.
O homem foi preso em flagrante e irá responder por estupro de vulnerável. Ele nega as acusações e o caso será investigado pela Polícia Civil de Araras.
Canais de denúncia
As denúncias de casos suspeito de abuso sexual podem ser feitas de maneira anônima, através dos órgãos oficiais, para iniciar uma investigação. A queixa é uma forma de interromper a violência. Esse ato de cidadania é ainda mais importante quando a vitima é vulnerável e, muitas vezes, não consegue pedir ajuda.
Disque 100
As denúncias podem ser feitas de forma anônima para casos de violações de direitos humanos. O canal envia o assunto aos órgãos competentes no município de origem da criança ou do adolescente.
O Conselho Tutelar, Polícia Civil e Militar e ao Ministério Público também recebem informações sobre possível violações dos direitos humanos.
Sinais de alerta
A comandante da Guarda Municipal (GM) de Campinas (SP), Maria de Lourdes Soares, ressalta que o mais importante para prevenção do estupro de vulnerável, praticado contra as principais vítimas dos crimes – crianças – é a observação atenta.
"Nós, da Guarda Municipal, somos chamados, infelizmente, quando a criança chega ao hospital com algum machucado que os médicos identificam e falam “esse machucado não é um machucado típico de brincadeira de criança, de uma queda, é um machucado típico de uma atuação sexual” e imediatamente nos chamam”, explica a comandante da corporação.
Para trazer a situação à tona e evitar desdobramentos ainda mais drásticos, como a morte ou a gravidez da vítima, a comandante da GM orienta que os responsáveis pela criança observem sinais que apontem o abuso.
Além da família, a escola e os Centros de Saúde também têm um papel importante nesse acompanhamento. Afinal, a comandante conta que, normalmente, as pessoas que praticam esse tipo de crime são próximas à criança:
“São pessoas da confiança dela e que exercem uma autoridade emocional, psicológica muito forte. Essa criança não consegue denunciar porque é alguém com um vínculo próximo”, alerta.
São indícios que essa criança pode estar sendo vítima de violência sexual: mudança de comportamento e lesões no corpo. “São muitos denunciadores machucados ou dores que a criança sente nos seus órgãos genitais. Isso é um indício muito forte, que precisa ser investigado. ”, aponta a comandante da GM.
A violência sexual não se resume em apenas penetração em si, mas também toques íntimos, que podem ser ainda mais difíceis para criança entender e ser identificado por terceiros. Então, os responsáveis também devem se manter atentos a sinais sutis, como mudança no comportamento.
A comandante Maria de Lourdes Soares explica, que as mudanças comportamentais da vítima podem ser diversas, como “uma criança que não tem comportamento de agressividade, passa a ficar irritadiça, demonstra esse comportamento de irritação, nervosismo e impaciência. Às vezes ela não quer ir para escola porque ela sente vergonha, mesmo não sendo um fato ligado à escola, um fato no ambiente doméstico dela.”.
Outra ação importante é prestar atenção nas pessoas ao redor da criança, pessoas que podem ter um comportamento suspeito. A comandante deixa claro que presentear e conversar com a criança, não torna a pessoa necessariamente em um abusador, mas esse contato deve ser observado com cuidado.
“Às vezes é difícil para mãe, para mulher, identificar que aquele seu companheiro está abusando da sua filha ou está abusando do filho”, afirma a comandante da GM, sobre a dificuldade de perceber o abuso quando o agressor é familiar. No entanto, é necessário ter em mente, que a maior parte dos abusos acontecem no interior das famílias. Sendo praticada na maioria das vezes pelo pai, padrasto, tio, avô, irmão, primo ou por pessoa íntima das relações familiares, isto é, alguém que a criança ou adolescente confiava.