PF e GAECO fazem ação contra quadrilha especialista em roubos de cargas

O grupo criminoso agia com violência contra as vítimas, rendendo-as em cativeiros e obrigando-as a realizarem transferências via PIX

Da Redação

A Polícia Federal (PF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/SP), deflagraram na manhã desta quinta-feira (23), a Operação Cacaria, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa voltada a roubos violentos de cargas e caminhões, sequestros e morte de caminhoneiros em cidades do estado de São Paulo. Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de prisão temporária e 18 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Osasco (SP), Barueri (SP), Guarulhos (SP) e São Paulo Capital.

Entre os alvos estão, além dos autores diretos dos roubos, ao menos dois integrantes apontados pela investigação como receptadores e distribuidores das peças dos veículos roubados e dois envolvidos na morte de um dos caminhoneiros.

A investigação, é conduzida pelo grupo especializado em repressão a crimes de roubo de cargas e caminhões da Delegacia de Polícia Federal em Campinas, começou em janeiro de 2024, a partir de informações sobre um grupo criminoso que agia na região metropolitana e interior do estado, tendo por ponto de partida um roubo de carga ocorrido em Itapecerica da Serra (SP), em dezembro de 2023.

Durante as apurações, a PF constatou que o grupo criminoso agia com violência contra as vítimas, Inclusive, tendo assassinado uma delas e deixado outra em estado grave. Essa vítima ferida precisou ser encaminhada para a UTI, onde permaneceu por uma semana, devido a lesões ósseas causadas pelos criminosos.

Como agia a quadrilha

Durante as ações, o grupo abordava veículos em baixa velocidade (próximos a pedágios) ou estacionados para descanso do motorista, invadindo com violência as cabines dos veículos e agredindo as vítimas.

Rendidas, as vítimas eram levadas até cativeiros localizados em matagais próximos aos locais dos roubos, onde permaneciam privadas de sua liberdade, às vezes amarradas, e sempre ameaçadas de morte.

Durante o cárcere, os criminosos, além de roubarem os veículos e cargas usando bloqueadores de sinal (jammer) para evitar ação policial, realizavam transferências via PIX.

Além do crime em Itapecerica da Serra (SP), que deu início às investigações, há indícios de ligação dos criminosos aos seguintes crimes:

a) 24 de janeiro de 2024: roubo em Juquitiba (SP);

b) 25 de janeiro de 2024: roubo em São Lourenço da Serra (SP) - vítima mantida em cativeiro no mesmo lugar de vítima em noite anterior;

c) 9 de fevereiro de 2024: latrocínio em São Lourenço da Serra (SP) - corpo da vítima encontrado às margens do Rodoanel Mário Covas no dia 12 de fevereiro de 2024;

d) 19 de fevereiro de 2024: roubo em São Paulo;

e) 21 de março de 2024: roubo em Juquitiba (SP);

f) 22 de março de 2024: roubo em Itapecerica da Serra (SP);

g) 27 de março de 2024: roubo em Juquitiba (SP);

h) 3 de abril de 2024: roubo em Tatuí (SP);

i) 3 de abril de 2024: roubo em Sumaré (SP) - a prisão de um dos autores desse crime, pela Polícia Militar, ajudou na elucidação do latrocínio;

j) 11 de abril de 2024: roubo em Itapecerica da Serra (SP).

Os investigados responderão, dentre outros, pelos crimes de associação criminosa, roubo e latrocínio, cujas penas somadas podem chegar a 50 anos de prisão.

Os presos serão encaminhados para a Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, onde permanecerão à disposição da Justiça.

Com início dos trabalhos de investigação da PF, em dezembro de 2021, o grupo foi responsável, sem contar as prisões nessa data, por 178 prisões, pela recuperação de veículos roubados no valor aproximado de R$ 8 milhões e pela desarticulação de várias organizações criminosas por meio das Operações Rapina (em 2022), Insídia, Malta, Caterva, Malta II, Volvere, Cicônia, e Aboiz (2023).

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