A Candida auris é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global devido à capacidade do microrganismo de resistir aos principais medicamentos antifúngicos. Ele foi identificado pela primeira vez em humanos em 2009, no Japão, explica a Sociedade Brasileira de Infectologia.
A resistência do fungo decorre de sua capacidade de produzir biofilmes em que se aloja e se defende de até de antifúngicos. Assim, algumas cepas do vírus podem sobreviver em instrumentos médicos, que, no atendimento de sucessivos pacientes, podem carregar o fungo de um para outro provocando um surto. Mas, causa doença apenas em pacientes muito suscetíveis a infecções sistêmicas.
As ocorrências se manifestam em pacientes hospitalizados, prioritariamente internados e gravemente enfermos e imunodeprimidos. Trata-se, portanto, de um agente oportunista, que aguarda condições para se manifestar. Por isso, a maioria das infecções por Candida auris documentadas no mundo aconteceram em ambientes hospitalares, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Durante um tempo Candida auris pode ter passado despercebida, ou mesmo confundida com outras espécies de Candida já conhecidas, mas também raras.
Alerta epidemiológico
Considerando um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) em outubro de 2016, a Anvisa coordenou a formação de uma rede nacional de laboratórios para dar suporte aos serviços de saúde do país na identificação desse fungo.
No Brasil, não havia relato de nenhum caso de infecção por C. auris até o início de dezembro de 2020. na data, foi notificado à Anvisa o possível primeiro caso positivo em paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia. Desta forma, no mesmo dia foi publicado o Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa 01/2020.
Prevenir a disseminação
Para acompanhar o caso e prevenir a disseminação de Candida auris no país, foi organizada uma força-tarefa nacional composta por representantes da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde – Suvisa Bahia, da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH Bahia), do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde – Cievs (Nacional, Bahia e Salvador), da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, além de representantes do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS, Cievs nacional), do Lacen-BA, de laboratórios da rede nacional para identificação de C. auris e da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES) da Anvisa.
A Agência está trabalhando na revisão do Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, para contemplar a nova situação epidemiológica do país, a inclusão de outros laboratórios como referência para a rede nacional e as novas evidências científicas disponíveis. Recomendamos que os serviços de saúde e laboratórios de microbiologia estejam alertas às orientações previstas nesses documentos, para que ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo sejam adotadas de forma oportuna e segura.
Serviços de saúde e laboratórios de microbiologia devem estar alertas às orientações previstas no Comunicado de Risco, para adotar as ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo de forma oportuna.