As tretas do piolho, pode crer, ceeeerto! Para celebrar os 20 anos do quadro de humor que marcou gerações, os idealizadores do jovem Piolho e toda sua turma, Alê Migliare e Renato Dib apresentaram um podcast especial no último dia 23 de maio, através do canal no YouTube da Educadora FM, de Campinas - SP (Grupo Bandeirantes de Comunicação), para relembrar a história e processo de criação desses personagens queridos do rádio.
Não apenas uma comemoração, mas a oportunidade de anunciar que, desde 2017 quando foram ao ar os últimos episódios, uma nova temporada está a caminho. Serão 20 quadros inéditos trazendo a família de Piolho para os dias atuais, com as novas tecnologias, como redes sociais, aplicativos de relacionamento, serviços de streaming, drone, etc.
A estreia ganhou data, os novos episódios chegam a partir de 15 de junho, através da própria Educadora FM, na faixa 91,7, e também pelo aplicativo E-club.
Podcast ao vivo
O clima era de nostalgia no estúdio, com uma mesa cheia de pipoca, paçoca, salgadinho, bolacha de chocolate, refrigerante de maçã e o famigerado videogame ‘Playstation’, todos itens típicos citados no dia-a-dia dos cerca de 1.600 programetes gravados ao longo desses 20 anos.
Um dos responsáveis pela produção dos primeiros quadros na Educadora, o DJ e Produtor Alessander Corsi, que voltará a essa função para a nova fase, foi também um dos convidados da transmissão especial. Ele compartilhou como era trabalhoso, feito “na unha”, sonorizar “As Tretas do Piolho” lá no início, período em que não se tinha tantos recursos à mão para produzir com riqueza de detalhes uma grande demanda de até 15 quadros diários.
Corsi mencionou um episódio em que ele mesmo “fez o latido de um cachorro” para solucionar essa necessidade sonora na história, e entregar a tempo o programa pronto.
Os efeitos usados nas esquetes foram de tamanha importância para seu sucesso no rádio. De acordo com o Alê “50 é história, 50% é sonorização”.
Representando os muitos fãs das atrapalhadas de Piolho, o chef de cozinha, sócio-proprietário da Corleone Pizzaria (Campinas), e um pré-adolescente que era ouvinte assíduo do quadro, Christian Jorke também participou da live para relembrar como ‘Os Manos’ fizeram parte dos seus momentos de lazer.
Assista a live completa:
Origem
Alexsandro Migliari, que dá vida a vários personagens das “Tretas”, como o pai e mãe do Piolho, por exemplo, conheceu Renato Dib Cordeiro, voz do menino protagonista das histórias, em 1982, quando estudaram juntos na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Prof. Architiclino Santos, em São Paulo.
Nos anos 90, os amigos formaram uma banda chamada “Os Tratantes”, e já numa pegada do bom humor, mostraram uma canção que dizia “o zé você já era, por que você não se enterra?!” a ninguém mais, ninguém menos que José Mojica Marins, o “Zé do Caixão”, pai do terror. Ele adorou.
Se formava ali uma relação de padrinho musical e banda, onde o famoso personagem trabalhou em parceria com os meninos por cerca de dois anos, na parte criativa, inspirando na comédia, se apresentando em shows, gravando clipes, etc.
Fruto desse trabalho na música com humor, Alê e Renato tiveram a oportunidade de conhecer o radialista Lélio Teixeira, responsável por apresentar-lhes o mundo do rádio, incluindo pessoas como o apresentador Emílio Surita, o humorista e radialista Felipe Xavier, o então presidente do Grupo Jovem Pan, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho (Tutinha), entre outros.
Um belo dia foram convidados para criar e gravar algo para a Jovem Pan de São Paulo, e no improviso se tornaram radialistas.
O primeiro grande sucesso aconteceu com a paródia da música “Xibom Bombom”, de As Meninas, que se transformou em “Sempre Atrás do Alemão”.
Na época, segundo o Alê, o Rubinho Barrichello terminava, muitas vezes, atrás de Michael Schumacher nas corridas de Fórmula 1. O piloto brasileiro chegou a processar a Jovem Pan por conta da música.
Educadora FM
Em 2003, os dois amigos da escola chegavam para atuar na maior emissora da Região Metropolitana de Campinas, a Educadora FM, onde a convite do gerente Gustavo Pinheiro, e do então coordenador e locutor Fabinho Granger, tiveram liberdade para criar quadros de humor que iriam ao ar na programação.
De início, segundo Migliare, eram esquetes avulsas sem personagens marcantes. Faltava identificação, tanto que começou a cair na rejeição dos ouvintes.
Ao repensarem o produto, personagens de todo o universo de Piolho foram concebidos e aí sim o programa encontrou a fórmula para o sucesso. “Ouvintes pediam mais quadrinhos no ar, do que para tocar músicas”, contou Alê.
Os programetes foram parar num CD, que ficou em primeiro lugar de vendas na extinta loja ‘Fnac’, do Shopping Dom Pedro (Campinas). O sucesso foi tanto -10 mil cópias vendidas- que o compilado de piadas ficou à frente do primeiro disco de Maria Rita, o álbum homônimo dela, lançado em 2003.
Em três anos de programa na Educadora, Piolho e sua turma invadiram outras rádios, ao todo foi veiculado em 36 emissoras, em mais de 900 cidades oficialmente.
Cinema e futuro
Quase vimos “As Tretas do Piolho” nos cinemas. Alê revelou durante a live que em determinado momento da vida, uma produtora de cinema o procurou para transformar as historinhas em um longa live-action. Renato seria roteirista, mas o plano acabou engavetado.
A novidade agora, além da temporada inédita no rádio, fica por conta da parceira com cineasta de Piracicaba, Beto Oliveira, dono da produtora “Frame 7 Cinema” que está com projeto de elaborar ao menos 15 animações das esquetes do Piolho até o fim do ano. No canal “Piolho Derziley” no YouTube, há três episódios disponíveis.
Veja: