
A prefeitura de Guaratuba, no Litoral do Paraná, informou na noite desta quarta-feira (15) que deu “negativo para bactérias” o teste feito pelo Laboratório Central do Estado (Lacen) com amostras de água das praias do município.
Segundo a prefeitura, as amostras foram enviadas ao Lacen há quase duas semanas para detectar a causa dos surtos de virose que afetam a região desde o fim do ano passado. O laboratório estadual ainda não divulgou o resultado. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse à reportagem da Band que somente as prefeituras poderiam se manifestar sobre o assunto.
A confirmação de que não há bactérias causadoras de gastroenterite nas amostras coletadas no Litoral do Paraná é importante para que os pacientes evitem os antibióticos, já que não são indicados para o norovírus, pois não são eficazes contra vírus, lembra o infectologista Jaime Rocha, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
“Confirma que não há necessidade realmente de antibióticos para tratamento da maioria desses casos. Não quer dizer todos os casos. As pessoas estão chamando de virose, mas gastroenterocolite, que são os casos de vômitos e diarreia, pode ter várias causas. Vírus é uma das principais causas, daí também entraria o nome virose. Bactérias foram descartadas como principal causa, ainda sobram os parasitas, toxinas e outros mais”.
Álcool em gel
“Em alguns pontos do país foram identificados realmente vírus, principalmente da família dos norovírus, que tem realmente uma certa resistência a álcool na questão da higiene de mãos, por isso que a higienização deveria ser feita com água e sabão”, explica dr. Jaime.
O médico destaca que a hidratação é muito importante. “A hidratação, principalmente de crianças pequenas e idosos, é fundamental porque a questão da desidratação é o ponto mais forte que pode levar a complicações e óbito no caso de diarreia”, alerta.
“A maioria dos casos não há necessidade de procurar uma assistência médica direta, porque a grande maioria dos casos costumam ser leves e de fácil controle, mas quando surgem sinais de alerta, há necessidade sim de acompanhamento médico”, ressalta o infectologista Jaime Reis.
O tratamento do norovírus é de suporte, com foco na reidratação oral ou intravenosa. É importante manter-se hidratado para evitar a desidratação.
Resultado em São Paulo
Em São Paulo, amostras humanas de fezes coletadas nas cidades de Praia Grande e no Guarujá, pelo Instituto Adolfo Lutz, confirmaram que o surto de virose que atinge diversas cidades do litoral sul paulista no mesmo período foi provocado por norovírus. As noroviroses são um grupo de doenças de origem viral que são conhecidas como gastroenterite e normalmente são transmitidas por via fecal-oral.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, a norovirose é uma doença que dura em média três dias, provocando sintomas como náusea, vômito, diarreia, dor abdominal e, algumas vezes, dores musculares, cansaço, dor de cabeça e febre baixa.
“Estas informações são importantes para orientar o tratamento aos pacientes. No entanto, estamos investigando, em conjunto com as Companhias Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Companhia de Saneamento Básico (Sabesp) e os municípios da Baixada Santista, a fonte que causou esta infecção”, explicou Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças da pasta.
Desde dezembro, turistas e moradores de cidades do litoral paulista, principalmente da Baixada Santista, vem reclamando do aumento de casos de virose, principalmente após as festas de final de ano. A prefeitura do Guarujá chegou a declarar situação de surto de virose gastrointestinal.
Ainda não se sabe o que causou a infecção. A prefeitura de Guarujá chegou a notificar a Sabesp sobre a possibilidade de que os casos poderiam ter sido provocados por vazamentos e ligações clandestinas de esgoto na região da Enseada. A Sabesp, no entanto, negou a informação.
Prevenção
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo alerta que, para se prevenir contra viroses, a população deve procurar sempre lavar bem as mãos antes de preparar alimentos e ao se alimentar. Também é preciso evitar alimentos mal cozidos e evitar tomar banho de mar nas 24 horas seguintes à ocorrência de chuvas. A secretaria também explica que não devem ser consumidos gelos, raspadinhas, sacolés, sucos e água mineral de procedência desconhecida.
O tratamento consiste principalmente em hidratação. Para casos mais graves, é preciso realizar a hidratação endovenosa. A hospitalização em geral é muito rara, informou a secretaria.
Evacuações muito frequentes e líquidas, dificuldade na hidratação com vômitos que não cedem, pele e boca secas, dificuldade em urinar são indicações de que se deve procurar o serviço de saúde.
A Secretaria da Saúde ressalta que nenhum medicamento deve ser tomado sem conhecimento e indicação médica.