
Toda semana eu escuto alguém comentar: “Essa semana passou muito rápido!” Essa sensação de que o tempo escoa pelas mãos são os “Tempos Modernos” em que Lulu Santos já nos fez cantar e entender que não há tempo que volte!
Vivemos tempos acelerados, já estamos no quarto mês do ano! A mente corre, o corpo tensiona, e, muitas vezes, nos desconectamos daquilo que mais importa: o agora. Quantas vezes você já se viu tomado pela ansiedade, pela sensação de não estar “inteiramente aqui”?
É como se a cabeça estivesse no futuro, o corpo no passado e o coração sem espaço para repousar. É nesse contexto que o grounding — ou aterramento — se apresenta como um convite gentil para retornar ao corpo, ao presente, ao real.
É uma prática simples, mas profundamente transformadora. Ela não exige grandes esforços, apenas a decisão de parar, respirar e sentir. Esta entrevista foi pensada para te ajudar a compreender o que é o grounding, como aplicá-lo no dia a dia e por que ele pode ser um aliado valioso no cuidado da saúde mental.
Vamos conversar com a Doutora em Psicologia Renata Bueno, que irá trazer nos ensinar mais sobre este recurso poderoso.
LUCAS SANSEVERINO: O que é o grounding e para que ele serve?
RENATA BUENO: Grounding é uma técnica usada para reconectar a pessoa com o momento presente. Serve para reduzir sintomas de ansiedade, estresse e dissociação, trazendo mais estabilidade emocional e corporal.
LUCAS SANSEVERINO: Qual o primeiro passo ao iniciar um exercício de grounding?
RENATA BUENO: O primeiro passo é encontrar um local confortável onde a pessoa possa se sentar ou ficar de pé, sentir o chão sob os pés e relaxar os ombros.
LUCAS SANSEVERINO: Como se inicia a respiração consciente durante o grounding?
RENATA BUENO: A respiração consciente começa com três respirações profundas: inspirar pelo nariz por quatro segundos, segurar o ar por quatro segundos e expirar lentamente pela boca por seis segundos.
LUCAS SANSEVERINO: Como funciona a técnica 5-4-3-2-1 no grounding?
RENATA BUENO: Ela envolve identificar: 5 coisas que você pode ver, 4 que pode tocar, 3 que pode ouvir, 2 que pode cheirar e 1 que pode saborear. Isso ajuda a focar no ambiente ao redor.
LUCAS SANSEVERINO: Qual o objetivo da conexão com os sentidos no grounding?
RENATA BUENO: O objetivo é trazer a atenção para o presente e afastar a mente de pensamentos ansiosos, fortalecendo a percepção de segurança e realidade.
LUCAS SANSEVERINO: Como o corpo participa ativamente no grounding físico?
RENATA BUENO: A pessoa é orientada a sentir os pés no chão, mexer os dedos dos pés, perceber o apoio da cadeira e usar o toque (como apertar as mãos) para liberar tensão acumulada.
LUCAS SANSEVERINO: Que tipo de frases internas são sugeridas durante o grounding?
RENATA BUENO Frases como “Estou segura”, “Estou presente” ou “Eu posso lidar com esse momento” ajudam a reforçar a sensação de controle e segurança.
LUCAS SANSEVERINO: Qual o papel da respiração no final do exercício?
RENATA BUENO: A respiração final aprofunda o relaxamento e marca o encerramento da prática, promovendo calma e preparando a pessoa para retomar suas atividades com mais equilíbrio.
LUCAS SANSEVERINO: Esse exercício pode ser usado apenas em momentos de crise?
RENATA BUENO: Não. Ele pode (e deve) ser praticado preventivamente no dia a dia para aumentar a tolerância emocional e reduzir a frequência de crises de ansiedade.
LUCAS SANSEVERINO:. O que muda após a prática do grounding?
RENATA BUENO: Ao final do exercício, a pessoa tende a se sentir mais presente, calma e centrada, com maior controle sobre o corpo e os pensamentos. Desejo que estas informações tenha despertado em você o desejo de desacelerar. De escutar seu corpo com mais gentileza. E de cultivar, dia após dia, uma presença mais plena e segura dentro de si.