Mais uma cidade da região está com problemas para encontrar interessados em operar e manter o serviço de transporte público.
Em Pindamonhangaba, o edital de concessão dos ônibus teve somente uma empresa cadastrada: a “Viva Pinda”, que há 18 anos já atua no município. Atualmente o serviço é alvo de críticas de vários moradores, como relata a doméstica Cláudia Souza.
“Todo dia tem que pegar ônibus, porque vou pra casa de família, trabalho, volto pra casa, e os horários são péssimos. Muita gente deveria fazer um abaixo assinado, reclamar, porque só promete que vai muda e nada. Eu chego a ficar uma hora esperando aqui, é muito difícil.”
A também doméstica Maria Lucia, afirma que além desses problemas, suas viagens têm sido marcadas pela lotação
“Dez para às sete ele vem super lotado, quase não cabe ninguém. Tem pessoas que vêm em pé, não tem lugar para sentar direito.”
Além de Pindamonhangaba, passageiros de outras cidades relatam os mesmos problemas. Mas quem poderia sanar as reclamações, as prefeituras, está apresentando dificuldades na hora de contratar uma empresa para operar o transporte público.
Em São José dos Campos por exemplo a administração municipal já tentou mais de 4 vezes encontrar empresas para operar os ônibus, porém o edital segue parado, sem concorrência.
O especialista em mobilidade, Monteclaro César, afirma que o formato das licitações e a falta de planejamento a longo prazo, são dificultadores.
“As demais cidades do Vale do Paraíba padecem de grandes projetos de mobilidade. Ou seja, não é só você abrir o edital e botar o ônibus para circular. Tem determinados lugares que o ônibus não passa, é difícil. Você tem que ter uma projeção de 20 a 30 anos, a cidade vai crescer, tem que pensar como vai ser o sistema de transporte daqui esses anos.”
Monteclaro também completa: “Lamentavelmente no Brasil, via de regra, a grande maioria das administrações trabalha em um horizonte muito curto, com um horizonte de 2, 3 e 4 anos. O transporte coletivo, o horizonte é em média de 30 anos.”
O mestre em planejamento urbano, Flávio Mourão aponta que a dependência de um único modal de transporte público sobrecarrega o sistema
“Nós temos uma séria de assíncronas no sistema. Não faz as linhas serem mais integradas do que deveriam, então ela precisa ser modernizada. A gente está vendo alguns esforços aí, mas cada prefeito que entra inventa o seu sistema ao invés de ter um planejamento continuo de sistema de transporte.”