A popularização das tatuagens nas últimas décadas trouxe também um aumento natural nos casos de arrependimento. Um levantamento de 2023 nos Estados Unidos indicou que 1 em cada 4 americanos se arrepende de ter pelo menos uma tatuagem. No Brasil, uma pesquisa global colocou o país em segundo lugar no ranking de busca por remoção de tatuagem, com mais de 275 mil buscas online por ano, ficando atrás apenas dos EUA (cerca de 1 milhão de buscas anuais).
A mudança contínua de tendências e estilos de vida é apontada como um dos fatores por trás desse crescimento na procura. O nome de um ex-parceiro, um símbolo que perdeu significado ou até um erro de ortografia no desenho podem se tornar motivos para querer remover ou cobrir a tatuagem.
Nos últimos anos, a tatuagem deixou de ser um ato marginal para se consolidar como uma forma de expressão pessoal amplamente aceita. Contudo, as razões que motivam uma pessoa a tatuar-se podem mudar ao longo do tempo. "É comum que as pessoas busquem a remoção de tatuagens por motivos profissionais, mudanças de gosto pessoal ou mesmo para se livrar de associações com o passado", explica a Dra. Juliana Toma, médica dermatologista com vasta experiência em procedimentos a laser. "Observamos um aumento constante na procura por nossos serviços de remoção, e isso reflete uma mudança na jornada da tatuagem para muitos brasileiros."
Avanços na tecnologia de remoção a laser
Embora existam métodos alternativos, a terapia a laser se firmou como a principal opção para remover tatuagens por oferecer baixo risco e efeitos colaterais mínimos. Na remoção a laser, feixes de luz de alta intensidade são direcionados ao pigmento na pele, quebrando a tinta em micropartículas que o sistema imunológico elimina gradualmente. Cada sessão clareia um pouco mais a tatuagem, até que os fragmentos de tinta sejam suficientemente pulverizados e absorvidos pelo organismo.
Por muitos anos, os lasers do tipo Q-Switched (de nanosegundo) – como os de Nd:YAG – foram o padrão nesses procedimentos. Com eles, remover uma tatuagem podia exigir de 7 a 10 sessões de tratamento, com intervalos de várias semanas entre cada aplicação para a pele se recuperar. Além da longa duração do processo, os equipamentos mais antigos apresentavam desafios extras: cores como verde e azul frequentemente eram difíceis de apagar completamente, e não era incomum ocorrerem efeitos indesejados, como hipopigmentação (manchas claras), bolhas ou até cicatrizes em casos mais agressivos. Esse histórico fazia muitos hesitarem em investir no procedimento de remoção.
Nos últimos anos, porém, a evolução tecnológica trouxe uma nova geração de lasers mais rápidos e eficazes, transformando o cenário e aumentando a confiança no tratamento. Lasers de picosegundo, que emitem pulsos de luz ultracurtos, tornaram-se o novo aliado para apagar tatuagens com mais eficiência do que os aparelhos tradicionais de nanosegundo.
Discovery Pico: nova geração de laser em destaque
Um dos equipamentos de ponta que simbolizam esse avanço é o Discovery Pico Laser, da fabricante italiana Quanta System. Ele opera com pulsos em escala de picosegundo – ou seja, disparos de luz em trilionésimos de segundo –, muito mais rápidos que os lasers convencionais. Esses pulsos ultrarrápidos têm energia suficiente para destruir as partículas de tinta de forma mais eficaz, gerando ondas de pressão (efeito fotomecânico) que estilhaçam o pigmento sem que o calor se dissipe para a pele ao redor.
Na prática, isso se traduz em remoção mais rápida da tatuagem e menor dano aos tecidos adjacentes. Resultados visíveis já na primeira sessão são frequentemente relatados com esse aparelho, graças à potência e precisão elevadas do feixe de luz. “O laser de picossegundo é um divisor de águas na remoção de tatuagens,” explica Dra. Juliana Toma. “Com pulsos ultrarrápidos, ele fragmenta a tinta sem causar danos significativos à pele. Na prática, conseguimos resultados melhores em menos sessões e com menor risco de cicatriz.”
Outra vantagem do Discovery Pico está na versatilidade para diferentes pigmentos. O aparelho combina três comprimentos de onda distintos (1064 nm, 532 nm e 694 nm), correspondentes aos lasers Nd:YAG, KTP e rubi, respectivamente. Isso permite atingir praticamente todas as cores de tinta, inclusive tons notoriamente difíceis como o verde claro e o azul turquesa, algo que os lasers antigos nem sempre conseguiam . O dispositivo consegue ajustar a energia de forma controlada para cada faixa de cor, atacando desde o preto e as cores escuras até as mais vibrantes. Além de eficaz, a tecnologia de pulsos ultracurtos tende a minimizar efeitos colaterais – o risco de cicatrizes ou de alteração de pigmentação da pele é bem menor em comparação aos métodos tradicionais, justamente porque o laser poupa as estruturas cutâneas saudáveis ao focar a ação na tinta.
"O pico laser representa um avanço significativo na tecnologia de remoção de tatuagens", afirma a Dra. Juliana. "A capacidade de fragmentar os pigmentos de forma mais eficiente e com menor dano à pele faz com que este laser seja uma opção muito mais vantajosa para muitos pacientes. Observamos resultados mais rápidos e com maior segurança, o que é extremamente positivo."
Com a crescente demanda por remoção de tatuagens e a chegada de tecnologias, o futuro da remoção de tatuagens no Brasil parece promissor. A expectativa é que, com o tempo, os procedimentos se tornem ainda mais acessíveis, eficazes e seguros, permitindo que mais pessoas se sintam confortáveis e confiantes com a própria pele.
