Quando pensamos em folclore, lembramos das lendas que escutávamos quando crianças: boto cor-de-rosa, mula sem cabeça, saci-pererê entre outros. Essas histórias são conhecidas em todo o Brasil, mas você já parou pra pensar no folclore da região paraibana? A região é rica em cultura e expressões artísticas.
O folclore pode ser definido como um conjunto de manifestações que representam a cultura de um povo. Entre essas manifestações, estão lendas, danças, artesanatos, festas e brincadeiras. Todos esses elementos são parte da identidade de uma comunidade e são passados entre gerações.
Selma Fernandes, Diretora de Patrimônio da Fundação Cultural de Jacarehy conta que a entidade entende o folclore como uma cultura viva, passada de geração a geração através de superstições, costumes, contos e canções. E acontece principalmente nas cidades interioranas, que acabam sendo o berço das tradições populares.
“A Fundação busca, através de ações promovidas pelas diretorias, manter viva a tradição para que se possa manter o legado de nossos antepassados, despertar a curiosidade e preservar o patrimônio para as próximas gerações” , diz ela.
Segundo Selma, o folclore é um tema permanente da composição da cultura de um povo, um fragmento, uma referência e uma mistura de heranças. E é assim que deve ser mantido o respeito pelas tradições, pela oralidade e pela história estudada.
“Nossa região é muito rica em cultura; através de nosso folclore e das discussões acerca da temática vamos nos permitindo conhecer e interpretar a nós mesmos, a interpretar canções, jogos, festas, brincadeiras. É um universo que, de certa forma, permeia nossas vidas e nosso imaginário, mas que a nova tecnologia, mais veloz e atrativa, tenta apagar”. A diretora diz ainda que “Temos que valorizar nossos Mestres da Cultura Viva que sobrevivem, resistem, lutam e desafiam o tempo através de seus saberes que são passados de geração a geração e que, ainda nos possibilitam respirar a cultura tradicional regional. A importância do folclore é esta: não apagar quem somos!”
A lenda da Cobra Grande
Uma das lendas mais conhecidas do folclore na região do Vale, é a Lenda da Cobra Grande, que segundo a tradição, nasceu em Jacareí.
Diz a lenda que havia na cidade uma cobra muito grande que morava no Rio Paraíba e que devorava árvores, desbarrancava margens do rio, colocando em risco a própria Igreja Matriz. De tão grande e faminta devorava tudo ao redor. Assustado, o povo recorreu a Padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição, e a levaram até as margens do rio em orações e pedidos para acalmar a cobra. Na época os escravizados não puderam participar desta procissão, então fizeram em barro e com as próprias mãos uma santa que foi jogada ao rio de modo a acalmar a cobra. A santa começou a cantar lindamente e a flutuar.
Com isso, a cobra teria ficado impressionada, e seguiu a santa durante um longo percurso, deixando pra traz a cidade. Um certo momento, exausta, a Virgem Santa tombou no rio e seu corpo partiu-se em dois pedaços. Dizem que pescadores a encontraram perto de Guaratinguetá e que eles, estando há dias sem conseguir pegar nenhum peixe, depois que acharam a santa, tiveram a rede repleta de cardumes. Dizem até que esta Virgem jogada aqui nas terras de Jacareí é a mesma que hoje conhecemos como a Padroeira do Brasil : Nossa Senhora Aparecida.
Figureiros de Taubaté
Os figureiros de Taubaté também são importantes nas tradições folclóricas da região. Suas figuras moldadas do barro ou argila, que retratam os costumes rurais, animais, crenças, e festas são consideradas expressão da arte popular. O trabalho passa de geração em geração há mais de um século.
O início da confecção da cerâmica figurativa, especificamente na cidade, foi por influência dos frades franciscanos do Convento Santa Clara, que sempre tiveram a tradição de montar presépios. Muitas pessoas passaram a confeccioná-los com a argila do rio Itaim e montá-los em suas próprias casas.
Museu do Folclore
O Museu do Folclore funciona há 26 anos no Parque da Cidade em São José dos Campos. Além de uma exposição de longa duração, que destaca diferentes manifestações da cultura popular da região do Vale do Paraíba, o museu também realiza exposições temporárias sobre diferentes aspectos do folclore.
O museu também guarda uma biblioteca especializada em cultura popular e uma brinquedoteca. Durante todo o ano realiza uma série de atividades, projetos e programas como: Museu Vivo, Ciclo de Natal, montagem de presépio, Mês do Folclore, Coleção Cadernos de Folclore, Diálogos sobre o Folclore, Terças com Museologia e outros.
Serviço: O Museu do folclore pode ser visitado de terça a sex-feira das nove da manhã as cinco da tarde. Aos sábados e domingos funciona das duas as cinco da tarde, sempre com entrada franca.
Por Júlia Maganin
Estagiária* - projeto sob supervisão de Nelson Gazolla MTb: 74.409/SP
Direção de Conteúdo - Cláudio Nicolini