Justiça decreta prisão de 4 denunciados pelo MP por ataque em assentamento do MST em Tremembé

Ataque aconteceu no dia 10 de janeiro e deixou dois mortos e seis feridos

Redação Band Vale

Justiça decreta prisão de 4 denunciados pelo MP por ataque em assentamento do MST em Tremembé
Justiça decreta prisão de 4 denunciados pelo MP por ataque em assentamento do MST em Tremembé
Felipe Iruata/Reuters

A Justiça decretou a prisão de quatro pessoas denunciadas pelo Ministério Público por homicídios no ataque ao assentamento do MST de Tremembé. O ataque aconteceu no dia 10 de janeiro e deixou dois mortos e seis feridos.

Segundo o MP, a 2ª Vara da Comarca de Tremembé recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva dos indiciados. A investigação apontou que um dos denunciados tinha ocupado um lote no assentamento de forma irregular, e que foi avisado para sair do local. 

A situação gerou discussão e ameaças às vítimas, inclusive promessas por parte de um dos autores de que retornaria mais tarde para resolver a questão. No local, os autores efetuaram diversos disparos de armas de fogo, atingindo as vítimas e assumindo o risco de alvejar outras tantas que sequer tomaram parte na discussão.

Os nomes dos denunciados não foram divulgados e até o momento, dois homens já foram presos. As investigações prosseguirão para a identificação de outras pessoas que participaram dos crimes.

Prisão de suspeito e mandado para segundo envolvido

Em relação aos suspeitos, a Polícia Civil prendeu um homem identificado como "Nero", que é apontado como o mandante do atentado. A prisão temporária de Nero foi decretada no domingo (12), e ele está detido no Centro de Triagem de Taubaté. O suspeito tem passagens pela polícia, incluindo envolvimento em porte ilegal de arma de fogo. 

Além disso, um segundo suspeito, também envolvido no atentado, teve mandado de prisão expedido, mas ainda permanece foragido. O trabalho conjunto entre as polícias visa esclarecer todos os detalhes do crime e identificar todos os envolvidos. (Fonte: Polícia Civil de São Paulo).

Nota de repúdio 

O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar emitiu uma nota de repúdio sobre o assassinato de duas pessoas que viviam no assentamento Olga Benário na noite desta sexta-feira, 10, em Tremembé. O local foi invadido por um grupo de criminosos armados que dispararam contra os moradores. Outras cinco pessoas ficaram feridas.  

O ministro da pasta, Paulo Teixeira, classificou o caso como bárbaro e disse que pediu providências e punição pelo crime. 

“Falei com os secretários Guilherme Derrite, Gilberto Kassab,  com o delegado Osvaldo Nico Gonçalves e também com  o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues”, relatou o ministro.

Apoio às vítimas e medidas de proteção às famílias

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) enviou uma equipe ao local para prestar apoio às famílias afetadas e avaliar os riscos enfrentados pelos moradores do assentamento. O MDHC, por meio do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), está realizando uma missão de apoio, junto com lideranças do MST, com o objetivo de desenvolver um plano de proteção para as famílias. 

Estado de saúde das vítimas

Segundo o MST, das cinco pessoas feridas no atentado, duas mulheres, mãe e filha, foram atingidas nas extremidades do corpo, sendo a mãe atingida no pé e a filha na mão. Ambas passaram por cirurgias e apresentam estado de saúde considerado estável, embora sigam sendo acompanhadas de perto pelos médicos. Um menino, que é irmão de uma das vítimas fatais, também foi atingido e segue em estado estável. 

O ferido mais grave passou por cirurgia e, segundo os médicos, está passando por um processo de redução gradual da sedação para observar a resposta do corpo. A previsão é que mais informações sobre seu estado de saúde sejam divulgadas nas próximas horas.

Velório e enterro

As vítimas fatais foram veladas no domingo (12) no Cemitério Municipal de Tremembé e, à tarde, foram cremadas no Memorial Sagrada Família. Durante o velório, estiveram presentes o ministro Paulo Teixeira e a ministra de Direitos Humanos, Macaé Evaristo, que participaram para prestar solidariedade às famílias das vítimas. 

Situação do Assentamento Olga Benário

O MST declarou que o assentamento tem enfrentado uma série de problemas relacionados à especulação imobiliária. A disputa pela compra de terrenos na área, com o objetivo de expandir o turismo de lazer, tem gerado conflitos e ameaças aos moradores locais. O movimento ressaltou que a tensão já perdura por anos, com diversas denúncias feitas pelas famílias à polícia, mas que a situação continua a se agravar.

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