
Há muito tempo os clubes de futebol vem discutindo maneiras de organizar o esporte no Brasil. Com tantos interesses em disputa, o debate é longo e precisa ponderar acerca de vários assuntos, principalmente considerando que cada time tem seus interesses e suas peculiaridades.
A ascensão recente do profissionalismo na gestão dos clubes precisa ser acompanhada de uma liga forte, isto é, que consiga fazer com que o produto futebol saia ganhando. Dessa maneira, alguns times, que hoje gozam de uma posição superior aos outros, sobretudo em termos financeiros, precisam ceder um pouco mais, para que as divisões possam ser mais igualitárias entre os componentes da liga.
Toda essa questão não é novidade dentro de grandes centros do futebol, como é o caso da Inglaterra, que possui um modelo mais associativo entre os clubes da Premier League, que envolve divisão de valores relacionados a direitos de transmissão e demais prêmios por temporada.
Como uma quota mais igualitária de transmissão de TV melhoraria o futebol brasileiro?
A princípio, é importante ressaltar que, dentro dessa seara de quotas de TV, o fato de haver clubes que recebem mais do que outros não necessariamente é um indicativo de que haja uma distorção. Times com maior apelo midiático, como Flamengo e Corinthians, fatalmente já receberiam mais do que os outros, em qualquer outro sistema. No entanto, a discrepância entre o valor recebido por esses dois e as demais equipes é que se torna alvo de importantes discussões sobre o assunto.
É necessário sair um pouco da mesmice e pensar fora do senso comum e imaginar o futebol como um produto. Um bom produto precisa de competitividade para que sobreviva, é exatamente por isso que a Premier League é a melhor liga do mundo, porque oferece isso aos espectadores em todos os jogos.
Aqui, o futebol é caracterizado por uma disparidade financeira impressionante entre os clubes. Enquanto alguns gigantes desfrutam de contratos de televisão lucrativos e patrocínios generosos de instituições financeiras e plataformas de apostas, como grandes sites de cassino online, a grande maioria dos times luta para sobreviver financeiramente.
Essa disparidade afeta diretamente a competitividade do campeonato e a capacidade de clubes com menos estrutura e investimento de se manterem competitivos. Por isso, quotas de televisão mais igualitárias têm o potencial de nivelar o campo de jogo. Ao garantir que uma parcela significativa da receita de televisão seja distribuída de forma equitativa entre todos os clubes, possibilitando que os problemas causados por essa disparidade financeira sejam atenuados.
Entender a realidade dos times é fundamental para fazer o esporte crescer
Falar em criação de uma liga unificada entre clubes envolve o entendimento do “universo” que cada clube está inserido. O Brasil possui uma estrutura de futebol profundamente enraizada, com inúmeros clubes, campeonatos estaduais e regionais. A mudança para uma liga exigiria a reestruturação de boa parte desse sistema, o que pode ser resistido por aqueles que têm interesse em manter a tradição atual.
A mentalidade de parte dos dirigentes também é algo que irá precisar mudar, apoiar a criação de uma liga significa que algumas rivalidades regionais, ou mesmo históricas, deverão ser postas de lado para que acordos em prol da liga sejam feitos. Isso quer dizer que deverá haver um maior diálogo entre times rivais, coisa que não acontece com muita frequência por aqui.
Contudo, apesar dos desafios que a implementação de uma liga unificada no futebol brasileiro enfrentará, a empreitada vale a pena. Com a evolução natural das coisas, tanto os dirigentes, como os torcedores perceberão que não é possível gerir o futebol de forma isolada, o desenvolvimento precisa ser mútuo para ser completo. O futebol no Brasil ainda tem muito a crescer.