O Ministério Público de São Paulo solicitou à Justiça que Gil Rugai, ex-seminarista de 41 anos, continue cumprindo sua pena de 33 anos na Penitenciária de Tremembé (SP), conhecida como a “Cadeia dos Famosos”.
O pedido se baseia em um parecer psicológico anexado recentemente ao seu processo de execução penal. Segundo o MPSP, o exame psicológico realizado recentemente aponta que Gil Rugai apresenta "impulsos primários e agressivos", indicando que ele ainda precisa de melhorias no entendimento de sua conduta.
O promotor Gustavo José Pedroza Silva argumenta que Rugai necessita de mais tempo para apreender adequadamente sua conduta antes de ser considerado para retorno à sociedade.
Em contrapartida, a defesa de Gil Rugai reiterou, no dia 22 de julho, o pedido de progressão para o regime aberto. Segundo a defesa, o teste projetivo de Rorschach realizado demonstra o preenchimento dos requisitos subjetivos necessários para a concessão do regime aberto. A defesa solicita que a autoridade judicial conceda o regime aberto nos termos que considerar pertinentes.
A decisão agora cabe à Justiça, que deverá avaliar o parecer do Ministério Público e o pedido da defesa para determinar se Gil Rugai continuará preso ou se poderá progredir para o regime aberto.
O crime
Gil Rugai foi condenado pelo assassinato de seu pai, Luiz Rugai, e de sua madrasta, Alessandra Troitino, ocorridos em 28 de março de 2004. Na época, com 20 anos, ele matou o casal com 11 tiros na casa onde moravam, no bairro do Sumaré, na capital paulista. O crime foi supostamente motivado pela expulsão de Gil de casa após ele desviar R$ 25 mil da empresa da família. Cinco dias após o crime, Rugai foi preso, embora tenha negado a autoria dos assassinatos.
Sobre o teste psicológico
Em julho de 2023, a equipe legal que representa Gil Rugai apresentou um pedido à Justiça solicitando que o ex-seminarista cumprisse o restante de sua pena em regime aberto. No documento, a defesa alegou que Gil "sempre demonstrou um comportamento exemplar durante sua reclusão, envolvendo-se em atividades laborais terapêuticas e dedicando-se aos estudos, bem como participando de projetos sociais voltados para a população carcerária".
Em 14 de agosto, o Ministério Público emitiu uma resposta ao pedido da defesa, argumentando que, dada a gravidade do crime pelo qual Gil Rugai foi condenado, era necessário exercer cautela ao considerar a concessão da progressão, e solicitou a realização de um exame criminológico.
Após essa manifestação, a defesa apresentou uma nova petição à Justiça, refutando os argumentos do Ministério Público e enfatizando que o pedido de realização do exame criminológico "deve ser justificado com base no histórico prisional do reeducando", que, segundo a defesa, "foi totalmente negligenciado".
No mesmo ano, o Tribunal de Justiça (TSJP) determinou em 2023 que Gil Grego Rugai deveria passar por uma avaliação psicológica pelo teste Rorschach antes de ser considerada a possibilidade de progressão ao regime aberto, que foi apresentado pela defesa do ex-seminarista.
O teste de Rorschach consiste em apresentar ao indivíduo uma série de manchas de tinta, geralmente em forma de borboletas, e pedir que ele descreva o que vê em cada uma delas. As respostas do sujeito, tanto o que ele percebe nas manchas como os sentimentos e pensamentos que elas evocam, são analisadas por um psicólogo treinado. O objetivo do teste é revelar aspectos inconscientes da personalidade do indivíduo, como suas ansiedades, medos, desejos e mecanismos de defesa. As interpretações das respostas são feitas com base em teorias psicológicas e em comparação com respostas típicas de grupos de referência.