Mulher é acusada de dopar ex-companheiro idoso para se apropriar de fortuna no interior de SP

Caso teve início em 2022 em São José dos Campos; de acordo com a investigação, o homem de 75 anos passou meses sendo medicado de forma excessiva para realizar transferências bancárias

Redação Band Vale

Mulher é acusada de dopar ex-companheiro idoso para se apropriar de fortuna no interior de SP
Mulher é acusada de dopar ex-companheiro idoso para se apropriar de fortuna no interior de SP
Arquivo Pessoal

Uma mulher está sendo acusada de dopar o ex-companheiro idoso para obter controle sobre seu patrimônio milionário em São José dos Campos, no interior de São Paulo. De acordo com a investigação, o homem de 75 anos passou meses sendo medicado de forma excessiva, o que resultou em seu rebaixamento físico e mental. O caso ocorreu entre janeiro e julho de 2022.

A acusada, Elimara de Carvalho, de 55 anos, teria se aproveitado da confiança de Benedito Amaral, com quem manteve uma relação por mais de duas décadas, mesmo após a separação. A investigação aponta que ela usava medicamentos para deixá-lo vulnerável, com o objetivo de induzi-lo a realizar transações financeiras e transferir cotas de empresas para seu controle.

Sobre a vítima

Em contato com o Jornalismo da Band Vale Fabrício, o filho da vítima, contou que o pai começou a trajetória como empresário no ramo de automóveis após voltar da Guerra do Iraque, onde trabalhou na parte elétrica de tanques de guerra. Durante o período de guerra, Benedito teve um alto risco de vida, o que resultou em um retorno financeiro considerável. Com o dinheiro ganho, ele fundou uma loja que se tornou referência em São José dos Campos.

O empresário, que segundo o filho, sempre construiu sua fortuna de forma honesta, acabou se envolvendo com a acusada, que era prima de primeiro grau dele e se tornou sua amante após a separação com a esposa. A mulher, segundo o filho, usou sua relação com Benedito para transferir imóveis e outros bens no valor de 50 milhões de reais para seu nome, agindo de forma fraudulenta e manipuladora. Esses bens, inclusive um prédio comercial, duas casas e terrenos, foram bloqueados judicialmente após a descoberta de que a mulher transferiu tudo para si, alegando que se tratava de uma união universal de bens.

Relação entre vítima e acusada

A relação entre a acusada e Benedito durou mais de 26 anos, com término em 2017. Mesmo após o fim do relacionamento, eles mantinham contato amigável. A investigação revela que a mulher se aproveitou dessa amizade para se reaproximar do ex-companheiro, conquistando novamente sua confiança com gestos de carinho. Ela frequentemente o visitava e, aos poucos, começou a convencê-lo a realizar transferências financeiras e a ceder cotas de uma empresa que possuíam em sociedade.

Sobre o crime

O ponto central do crime foi o uso contínuo de medicamentos para manipular a vítima. A acusada teria ministrado doses de remédios controlados ao idoso, sem o seu conhecimento, causando nele um rebaixamento neurológico significativo. Durante meses, ele foi mantido sob efeitos sedativos que comprometiam seu entendimento e capacidade de tomar decisões. Laudos médicos confirmaram a presença de psicotrópicos no organismo da vítima, que foram administrados sem prescrição médica adequada.

Para dar continuidade ao plano, a mulher contratou duas outras pessoas para trabalharem como empregada e motorista. Elas atuavam diretamente na casa do idoso e tinham a tarefa de administrar os medicamentos, agravando o estado de saúde da vítima. Sob orientação da acusada, elas mantinham o homem isolado, dificultando o acesso de familiares, inclusive de seu filho. A situação chegou ao ponto em que o idoso ficou acamado e incapaz de realizar tarefas simples, como ir ao banheiro.

Descoberta do caso

O caso foi descoberto em julho de 2022, quando Fabrício tentou visitá-lo e foi impedido de entrar no condomínio, sendo informado de que havia uma declaração supostamente assinada pelo pai, proibindo sua entrada. Desconfiado, o filho confrontou a administração do local e descobriu que a assinatura era falsificada. Com a ajuda da síndica, ele conseguiu entrar na casa e encontrou o pai totalmente inconsciente e sob os cuidados das cúmplices.

Fabrício imediatamente acionou a polícia e levou o idoso para um hospital, onde ele foi internado na UTI. Durante o período de internação, a acusada ainda teria utilizado o cartão de crédito do ex-companheiro, gastando mais de R$ 17 mil em compras pessoais.

Investigações 

A investigação revelou que o esquema visava, além do controle financeiro, a eliminação gradual da vítima, com a intenção de herdar suas posses. A vítima faleceu em 2023, mas a causa da morte não está diretamente relacionada aos crimes apurados. O caso segue na justiça como “crimes previstos no estatuto do idoso.”

Segundo as informações da SSP (Secretaria de Segurança Pública), o caso citado foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Defesa do Idoso de São José dos Campos e relatado à Justiça. O Jornalismo da Band Vale tenta contato com o advogado de defesa de Elimara de Carvalho, mas não obteve sucesso.

O que diz a defesa de Elimara 

Procurada, a defesa de Elimara Carvalho afirmou que vai se manifestar após a sentença e que está convicta da inocência. Em nota, o advogado Renato Gotuzo Germano disse ainda que não há nenhuma prova nos autos que autorize uma sentença de pronúncia a ser julgada pelo Tribunal do Júri. 

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