
A Polícia Civil realiza uma operação contra rifas ilegais e lavagem de dinheiro na manhã desta terça-feira (11), na região do Vale do Paraíba. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em São José dos Campos e Jacareí.
De acordo com as informações da polícia, a Operação “Fraude Premiada” faz parte de uma investigação que apura um esquema criminoso voltado à exploração ilegal de jogos de azar e à prática de lavagem de dinheiro na região.
Ainda segundo a polícia, o principal investigado realizava sorteios irregulares por meio das redes sociais, promovendo a distribuição de prêmios de alto valor sem qualquer autorização legal. Além disso, apresentava um patrimônio incompatível com sua renda formalmente declarada, ostentando veículos de luxo e um estilo de vida de alto padrão.
As rifas promovidas pelo grupo criminoso utilizavam os sorteios da Loteria Federal como referência, com o objetivo de conferir uma falsa aparência de legitimidade às apostas ilegais. A definição dos vencedores era baseada na combinação dos números sorteados nos concursos oficiais, simulando a credibilidade das loterias regulamentadas e induzindo os participantes a acreditarem na legalidade do sistema.
As investigações policiais indicaram que essas rifas eram operadas sem qualquer regulamentação legal. Além disso, a análise financeira revelou a ocorrência de transferências suspeitas de recursos, levantando indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro.
Outro ponto identificado na investigação, foi o fato de que alguns dos ganhadores das rifas eram amigos pessoais do investigado, o que indica possível manipulação dos resultados para beneficiar indivíduos ligados ao esquema.
Durante a apuração, verificou-se que os pagamentos das rifas eram processados por meio de uma empresa intermediadora de pagamentos, e que os valores movimentados não condiziam com a renda declarada do investigado. Esse tipo de serviço tem sido frequentemente utilizado como meio de ocultação e dissimulação de movimentações financeiras ilícitas, dificultando o rastreamento de valores provenientes de crimes como jogos de azar e fraudes financeiras.
Além disso, foram constatados indícios da participação de um empresário do ramo de compra e venda de automóveis, o qual é apontado como intermediário, a fim de figurar como proprietário dos veículos de luxo em favor de indivíduos envolvidos com o crime organizado. Essa prática configura uma forma de ocultação patrimonial, possivelmente associada à prática de lavagem de dinheiro.
De acordo com relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), no período analisado, o empresário movimentou aproximadamente R$ 245 milhões por meio da captação de financiamentos para veículos e da quitação antecipada dos contratos. O alto volume financeiro chamou a atenção das autoridades, uma vez que a empresa sob investigação não possui estrutura ou capacidade financeira compatível com tais operações.
Na manhã desta terça-feira (11), foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, abrangendo as residências vinculadas a três investigados diretos, bem como as sedes de empresas envolvidas no esquema criminoso. O material apreendido inclui documentos, aparelhos eletrônicos, veículos de luxo e valores em espécie, que serão analisados para aprofundamento das investigações e possível identificação de outros envolvidos.