O VCUB, primeiro nanossatélite totalmente desenvolvido pela indústria brasileira em São José dos Campos, está pronto para ser lançado à órbita da Terra.
Produzido pela Visiona Tecnologia Espacial (joint-venture entre a Embraer e a Telebras), localizada no Parque Tecnológico de São José dos Campos, o nanossatélite completou longos e complexos ciclos de testes no Laboratório de Integração e Testes do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O equipamento foi submetido a testes de possibilidades de dano como eletromagnetismo, vácuo, temperatura e outras condições adversas que encontrará em órbita, e foi aprovado em todos eles. Agora, segue viagem até o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, onde será realizado seu lançamento em abril.
Imagens
Em 2021, a Prefeitura de São José dos Campos foi convidada a participar da homologação dos produtos do nanossatélite, através do contrato de parceria com a Visiona. O acordo prevê o recebimento das imagens de alta resolução coletadas pelo nanossatélite que permitirão mapeamento de uso e cobertura da terra, podendo prevenir, por exemplo, irregularidades ambientais.
A análise técnica das imagens será feita por servidores da Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade.
A parceria, portanto, potencializa a capacidade de São José de viabilizar novas soluções para a melhoria contínua do planejamento e da qualidade ambiental urbano e rural, além de estimular o desenvolvimento tecnológico e socioeconômico da cidade.
Considerando que se trata de uma nova tecnologia, a Prefeitura vai validar as imagens coletadas pelo nanossatélite, sem nenhum custo financeiro durante a vigência do contrato.
Outras parcerias
Além da Prefeitura de São José, a rede de parceiros do Projeto VCUB conta com instituições como o Instituto Senai de Inovação, a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), o Governo de Santa Catarina, o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), o IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura), a AEB (Agência Espacial Brasileira), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), o Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) e a Transpetro (Petrobras Transporte).
Geoprocessamento
Desde 2017, a Prefeitura vem desenvolvendo projetos de alta tecnologia com o uso de imagens de sensoriamento remoto, no âmbito de projetos como o Observa (também em parceria com a Visiona), que consiste no uso de imagens de altíssima resolução para monitoramento, fiscalização e controle ambiental do território visando combater a degradação ambiental, a implantação de parcelamentos clandestinos e a construção em áreas de risco.
A cidade conta também com o Geosanja, plataforma que reúne dados geográficos do município, todos mapeamentos técnicos, serviços públicos, facilidades, acompanhamento das obras públicas, entre outros, para consulta na palma da mão e download dos dados pelos cidadãos.
Sobre o Projeto
O nanossatélite VCUB baseia-se numa plataforma CubeSat 6U de 12kg com dimensões de 30 x 20 x 10 cm e traz o estado da arte em tecnologias de pequenos satélites.
A missão permitirá o desenvolvimento e validação de tecnologias espaciais desenvolvidas pela Visiona, com destaque para o Sistema de Controle de Órbita e Atitude de satélites, principal lacuna tecnológica da indústria espacial brasileira, além dos softwares de Sistema de Gestão de Dados de Bordo e do Rádio Definido por Software. O projeto incorpora uma arquitetura de sistemas modular e escalável, que poderá ser utilizada em satélites de maior porte no futuro, permitindo a incorporação de mais tecnologias nacionais às missões do Programa Espacial Brasileiro.
Equipado com uma câmera óptica multiespectral com resolução de 3,5 metros e 4 bandas espectrais e de um sistema de coleta de dados reconfigurável via software, o satélite será capaz de realizar missões antes destinadas a satélites de porte bem superior. Sua câmera utiliza tecnologias só encontradas em satélites de grandes dimensões, o que lhe permitirá gerar imagens com qualidades radiométrica e geométrica superiores às encontradas no mercado, fatores fundamentais para aplicações agrícolas e de proteção do meio ambiente.
Seu sistema de coleta de dados pode operar tanto no sistema SBCD (Sistema Brasileiro de Coleta de Dados) como em outros protocolos, o que torna o VCUB uma plataforma ideal para aplicações de Internet das Coisas (IoT).