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Falta de contraste para exames médicos afeta diversos estados

Onze estados e o Distrito Federal já controlam os estoques

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Pacientes em tratamento oncológicos são os mais afetados.
Pacientes em tratamento oncológicos são os mais afetados.
Foto: Agência Brasil

A falta de contrastes, que realçam partes do corpo humano durante a realização de diferentes exames, está afetando o número de procedimentos deste tipo no Brasil.

As substâncias auxiliam na interpretação das imagens e em um diagnóstico mais preciso.

Um levantamento da BandNews FM aponta que os governos têm restringido os testes para controlar os estoques em aos menos 11 estados e no Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Paraíba, Ceará e Amazonas.

Hospitais de diferentes regiões do país têm adiado a realização de procedimentos e exames eletivos que necessitam do contrates, como ressonâncias magnéticas, tomografias e cateterismo.  

Com estoque reduzido, as unidades têm reservado a substância para casos de urgência e emergência.

O presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Valdair Muglia alerta para as consequências da falta de contrastes: “Diagnósticos estão sendo prejudicados pela falta de exames, porque precisamos segurar os contrastes para casos mais graves”, explica.

Os pacientes em tratamento oncológicos são os mais afetados, porque precisam de exames frequentes com o uso de contrastes.

O morador de Maricá, no Rio de Janeiro, Paulo Sérgio de Souza está em tratamento contra um câncer no abdômen e ainda não conseguiu fazer uma tomografia especializada na rede pública.

“Apareceram algumas manchas no meu pulmão, mas não sabemos o que é. Não consigo marcar o exame com contraste”, desabafa.

A Secretaria Estadual da Saúde do Rio de Janeiro afirma que tem remanejado os estoques.

Mas sem conseguir marcar o exame, Paulo Sérgio decidiu que vai pagar pela tomografia na região do tórax, exame que pode custar - em média - de 300 a 500 reais.  

A escassez do contraste é reflexo da queda na produção dos insumos na China, principal fornecedor para a indústria brasileira.

A orientação é utilizar o produto com cautela.

No mês passado, o Ministério da Saúde admitiu um "grave risco de desabastecimento de meios de contraste imprescindíveis para a realização de exames e procedimentos" e pediu o uso racional do insumo.

Enquanto não há uma solução, o presidente da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular Joaquim Maurício da Motta Leal Filho explica que os profissionais de saúde têm adotado medidas para controlar os estoques dessas substâncias.

“Temos adiado os procedimentos eletivos e até aumentado a diluição do insumo quando é possível”, conta.

Questionado pela BandNews FM sobre a falta de contraste e se tem alguma ação prevista para reestabelecer os estoques no país, o Ministério da Saúde disse que a compra do insumo não é de sua atribuição e que a orientação para o uso racional foi uma "medida para reduzir o desabastecimento".

O governo federal prevê que a situação deve começar a ser regularizada apenas no final de setembro, mas ressalta que isso depende do mercado chinês.

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