Abin paralela tinha núcleos diferentes para espionar autoridades e jornalistas

Cada um dos quatro grupos identificados tinha uma responsabilidade diferente, como espionar ilegalmente e produzir notícias falsas

BandNews FM

Abin paralela tinha núcleos diferentes para espionar autoridades e jornalistas
Alexandre de Moraes
Agência Brasil

As investigações da Polícia Federal sobre a chamada "Abin Paralela", esquema ilegal de espionagem que funcionou dentro da Agência Brasileira de Inteligência durante o governo Bolsonaro, apontam que todos os envolvidos tinham funcões bem definidas no grupo que usou a estrutura do órgão para espionar adversários políticos do ex-presidente.

Eram quatro núcleos e cada um deles tinha uma responsabilidade específica:

  • Núcleo da Alta Gestão: composta por delegados da PF em cargos mais altos, que identificavam potenciais alvos entre os desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
  • Núcleo dos subordinados: composto por policiais federais, esse grupo cumpria determinações da Alta Gestão, monitorando os alvos e produzindo relatórios.
  • Núcleo Evento Portaria 157: grupo tinha o objetivo de vincular, sem fundamento, parlamentares e ministros do Supremo à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
  • Núcleo Tratamento de 'Logs': responsável pelo tratamento dos dados gerados pelo sistema First Mile (software espião israelense) e daqueles gerados a partir de celulares e computadores das vítimas da espionagem ilegal.

Nesta quinta-feira (09), a PF prendeu cinco envolvidos em mais fase da operação que apura uso da Agência Brasileira de Inteligência para monitorar autoridades e desafetos políticos do ex-presidente.

Entre os detidos estão um militar, um agente da PF, um empresário e um ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social.

De acordo com as investigações, a organização criminosa teria usado um sistema adquirido pela Abin para espionar políticos, integrantes do Supremo Tribunal Federal e até mesmo jornalistas. Entre eles, estão:

Poder Judiciário:

  • Luís Roberto Barroso, presidente do STF
  • Alexandre de Moraes, ministro do STF
  • Dias Toffoli, ministro do STF
  • Luiz Fux, ministro do STF

Poder Legislativo:

  • Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados
  • Rodrigo Maia (PSDB-RJ), ex-presidente da Câmara dos Deputados
  • Kim Kataguiri (União-SP), deputado federal
  • Joice Hasselmann (Podemos-SP),  deputada federal
  • Alessandro Vieira (MDB-SE), senador
  • Omar Aziz (MDB-AM), senador
  • Renan Calheiros (MDB-AL), senador
  • Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), senador

Poder Executivo

  • João Doria (sem partido), ex-governador de São PauloHugo Ferreira Netto Loss, servidor do Ibama
  • Roberto Cabral Borges, servidor do Ibama
  • Christiano José Paes Leme Botelho, auditor da Receita Federal
  • Cleber Homen da Silva, auditor da Receita Federal
  • José Pereira de Barros Neto, auditor da Receita Federal

Jornalistas

  • Mônica Bergamo
  • Vera Magalhães
  • Luiza Alves Bandeira
  • Pedro Cesar Batista.

E haveria ainda a intenção de monitorar o âncora de "O É da Coisa", da BandNews FM, Reinaldo Azevedo.

Segundo a PF, todos foram alvos do chamado "gabinete do ódio", instalado no governo Jair Bolsonaro e que criava perfis falsos para a divulgação de notícias falsas.

Havia ainda um grupo batizado de 'grupo dos malucos', utilizado para atacar as autoridades.