
Nem 24 horas após o anúncio, o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas está em risco.
O governo do primeiro-ministro Israelense Benjamin Netanyahu disse nesta quinta-feira (16) que o gabinete de segurança não se reunirá para aprovar o acordo em Gaza até que o Hamas recue do que chamou de "crise de última hora".
Israel acusou o grupo palestino de renegar partes do acordo em uma "tentativa de extorquir concessões", mas não informou detalhes.
Depois de quinze meses em guerra, o segundo acordo de trégua - mediado pelos Estados Unidos e por autoridades do Egito e do Catar - deveria começar no domingo (19).
O processo foi estruturado em três etapas: a primeira fase, com 42 dias de duração, prevê a troca de 33 reféns israelense - o grupo tem doentes, homens com mais de 50 anos, crianças e mulheres. Já do lado palestino, centenas de prisioneiros seriam soltos em Israel.
Além disso, a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, deve ser reaberta para a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Duas semanas depois disso, se nenhum dos lados quebrasse o acordo, uma nova fase começa, com mais reféns e prisioneiros soltos.
Em um terceiro estágio, o Hamas vai liberar os corpos de reféns mortos.
O atual líder americano e o futuro chefe da Casa Branca iniciaram uma espécie disputa para tomar crédito pelo acordo. Donald Trump foi o primeiro líder do mundo a anunciar o cessar-fogo.
O republicano postou no Truth Social dizendo "Fechamos o acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão soltos em breve. Obrigado".
Informações de bastidores apontam que um enviado de Trump, o empresário judeu Steve WitKoff, teria viajado para Israel para icentivar Benjamin Netanyahu a concordar com os termos da negociação.
O ainda presidente americano Joe Biden também reivindica o cessar-fogo. Duas horas depois da publicação de Trump, o democrata publicou um posicionamento oficial no X e fez um pronunciamento na Casa Branca.
Ao ser questionado sobre o papel de Trump na conclusão do acordo, Joe Biden perguntou se era uma brincadeira. O cessar-fogo era negociado desde o mês de maio, seis meses antes das eleições americanas.
Mesmo antes do anúncio oficial, a notícia já era comemorada nas ruas de Israel Gaza e Tel Aviv. De acordo com as autoridades de saúde palestinas, mais de 46 mil pessoas foram mortas na guerra em Gaza.
O último cessar-fogo foi em novembro de 2023 e durou uma semana. Naquele período, 105 reféns israelenses foram trocados por 240 prisioneiros palestinos.