Um aplicativo lançado pelo Ministério da Saúde direcionado aos profissionais da saúde para o enfrentamento à Covid-19 recomenda que os médicos receitem remédios sem eficácia comprovada para pacientes com o coronavírus.
Na lista estão cloroquina, ivermectina e azitromicina, além de hidroxicloroquina e doxiciclina.
O aplicativo, chamado TrateCOV, entrou no ar na última quarta-feira, logo após a visita do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a Manaus.
A plataforma traz ao médico cadastrado um ponto a ponto da doença e deveria ajudar a diagnosticar os pacientes com mais rapidez.
A BandNews FM acessou a ferramenta e verificou que não há qualquer impeditivo de que alguém que não é médico entre e, além de ter o risco da automedicação, tome substâncias sem eficácia comprovada.
A BandNews FM cobrou uma posição do Ministério da Saúde, que ainda não se pronunciou sobre o caso.
O infectologista Júlio Croda reforça que não existe tratamento preventivo ou precoce contra a Covid-19 e que, até o momento, não existe nenhum antiviral com eficácia comprovada contra a doença.
Em entrevista à BandNews FM, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz lembra que não há antiviral para a maioria das doenças agudas, como zika, dengue ou febre amarela.
Júlio Croda aponta que isso não ocorre por causa de falta de investimento, mas porque existe a tecnologia necessária.
O infectologista destaca que o tratamento para a maioria das doenças respiratórias virais agudas são os próprios anticorpos.
Ele observa que não existe nenhuma sociedade científica internacional que recomenda o enfrentamento da Covid-19 com esses remédios indicados pelo Ministério da Saúde do Brasil.
O pesquisador da Fiocruz lembra que o uso da azitromicina, um antibiótico, contra o coronavírus pode gerar uma resistência ao medicamento levando o remédio a não ser efetivo para outras doenças para as quais é recomendado.
Confira a entrevista completa: