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Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos; ela foi entrevistada no Pretoteca em abril

Artista seria homenageada no Festival de Cinema de Gramado nesta semana

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Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos; ela foi entrevistada no Pretoteca em abril
Atriz Léa Garcia morre aos 90 anos; ela foi entrevistada no Pretoteca em abril
Reprodução

A atriz Léa Garcia, que participou de mais de 100 produções em cinema, teatro e televisão morreu, nesta terça-feira (15), aos 90 anos. O anúncio foi feito em uma publicação no perfil oficial da artista no instagram. De acordo com o filho e empresário dela, Marcelo Garcia, a atriz teve um infarto. Ela chegou a ser encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, em Gramado, na Serra Gaúcha, mas não resistiu.

Léa Garcia foi peça fundamental na quebra da barreira de quais personagens poderiam ser interpretados por atrizes negras. A artista seria homenageada com o Troféu Oscarito na 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado, ainda nesta semana.

Na lista de papéis marcantes estão as performances na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes, que depois foi adaptada no cinema e se tornou um dos longas mais importantes da história o País, também com a atriz, no filme “Orfeu Negro”. Na TV, Léa Garcia consolidou uma carreira de personagens notáveis em novelas como "Escrava Isaura", "Xica da Silva", "Selva de Pedra" e "O Clone".  

A atriz foi entrevistada no podcast Pretoteca, da BandNews FM, em abril. Na ocasião, ela falou sobre o papel das atrizes negras no Brasil. “Nós temos que conquistar nossos espaços dentro do audiovisual, dentro das empresas televisivas, cinema e teatro porque poucos empresários, poucos diretores, poucos produtores não-negros nos veem de uma forma correta, entendem nossa vivência, entendem as nossas possibilidades e entendem quem nós somos. Entendeu?”, afirmou.

“Mesmo falando de novelas: novela de época ainda é a visão do ex-colonizador, mas filhas de colonizadores, que enfocam esses temas. Nunca foi feito um trabalho com a nossa visão em relação a eles. Então é um olhar estereotipado. Necessitamos dos nossos autores nos textos, dos nossos cortadores em televisão e cinema, dos nossos diretores, dos nossos continuistas, dos nossos autores, principalmente, para então termos uma linguagem nossa, uma visão nossa, o nosso olhar, a nossa vivência e a nossa existência”, desabafou. 

Durante a carreira, a artista ganhou quatro prêmios Kikitos, a maior honraria do Festival de Cinema de Gramado.