As buscas dos Bombeiros de Minas Gerias por vítimas em Brumadinho completam mil dias nesta quinta-feira (21). A operação de buscas foi a maior já realizada na história do país. Oito corpos permanecem desaparecidos em meio à lama da Vale.
Os rejeitos da mineradora mataram 270 pessoas e até hoje ninguém está preso.
Nesta semana, os familiares foram surpreendidos por uma determinação do Superior Tribunal de Justiça, que anulou a decisão da Justiça de Minas Gerais que já havia aceitado a denúncia e tornado réus os 16 funcionários da Vale e da TUV SUD, empresa que atestou a estabilidade da barragem.
Alegando se tratar de um assunto de interesse da União, o STJ decidiu que a competência de julgar o caso é da Justiça Federal, em Minas Gerais.
Ao menos três entidades e associações, que representam os atingidos, repudiaram a atitude da corte. É o caso do Instituto Camila e Luiz Taliberti, criado em homenagem às duas vítimas que morreram no rompimento.
O diretor da entidade, Vagner Diniz, reforça a indignação com a decisão. “Nós ficamos bastante surpresos com a decisão do Superior Tribunal de Justiça. Nós estamos sofrendo, e essa decisão aumenta o nosso sofrimento. ”, afirmou.
Com a decisão do STJ, o processo criminal volta praticamente à estaca zero.
O Movimento dos Atingidos por Barragens classificou a decisão do Tribunal como "presente Macabro".
Insatisfeitos com a decisão, os atingidos realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (21) em frente ao prédio da Justiça Federal, na Região Centro Sul de Belo Horizonte.
RELEMBRE O CASO
No dia 25 de janeiro de 2019 a barragem da mineradora Vale se rompeu na cidade do interior de Minas Gerais, Brumadinho. O acidente na mina Córrego do Feijão aconteceu às 12h28 de uma sexta-feira e causou danos humanitários e ambientais irreversíveis.
A tragédia garantiu ao Brasil o posto de país com maior número de óbitos nesse tipo de acidente e marcou a história como a maior operação de busca em território nacional.
A barragem, considerada pela empresa como de baixo risco, foi construída no modelo de alteamento de montante, o mesmo usado na barragem de Mariana, que é considerado pelos estudiosos como o mais precário de todos.