Um casal de mulheres denunciou no último domingo (12) um episódio de constrangimento ao participar de um evento em homenagem ao Dia das Mães em uma escola em Feira de Santana, na Bahia.
Larissa Porto e Mariana Leonesi são mães de Marina, de quatro anos. A criança é aluna da Escola Asas de Papel. Na semana passada, o casal recebeu uma mensagem da direção informando que apenas uma delas poderia participar da homenagem porque cada criança só teria direito a um representante.
“Boa tarde, família! Estamos entrando em contato, pois verificamos dois nomes de representantes na lista de homenagens às mães ou responsáveis. Estamos preparando esse momento com todo o carinho que a mãe ou representante merece, contudo, tratando-se de um ambiente de educação, no qual a construção e cumprimento de regras inclui ética e respeito ao direito do outro, enviamos um comunicado anterior, enfatizando que cada criança terá direito somente a um representante por família (...). Acreditamos que o direito de um é o direito de todos, e sei que vocês prezam por essa postura. (...)”, disse a mensagem.
Diante do requerimento da escola, o casal respondeu que as duas iriam receber a homenagem, já que são ambas mães de Marina, e que, se a instituição insistisse na proibição, iriam acionar a Justiça para expor o caso.
“Como sabemos, somos duas mães, por isso não temos como escolher uma para ir. Uma prática inclusiva significa lidar com diferentes de modo diferente e, ao mesmo tempo, valorizar a diversidade. Ao que saiba, na escola, as duas únicas mães somos nós, logo não tem por que na sala de Marina ter dois representantes, se todos os estudantes têm um pai e uma mãe. Sinto muito, iremos as duas”, respondeu Larissa Porto.
A escola, então, afirmou que todas as famílias receberam o mesmo comunicado, e ressaltou que as outras famílias, mesmo possuindo “avós ou tias como rede de apoio na representação materna”, concordaram em cumprir as regras da instituição. Apesar disso, o colégio liberou a participação das duas mães no evento.
Em contato com a BandNews FM, as mães relataram que se sentiram excluídas e constrangidas pela direção da escola e que esse não seria o único caso.
“Diversas vezes saí da Asas de Papel me sentindo hostilizada. A direção ignora a gente, e o sentimento que passam é que estamos manchando a imagem deles por sermos um casal de duas mães”, contou Larissa.
As duas cogitam retirar a filha Marina da escola, mas encaram a medida como última hipótese. A criança possui transtornos do espectro autista, e mudanças repentinas na rotina dela podem causar estresse e ansiedade.
Procurada pela BandNews FM, a escola Asas de Papel disse que não vai se pronunciar.