Caso João Pedro: três policiais são denunciados pela morte do adolescente

Tecnologia auxiliou o Ministério Público na denúncia; programa de realidade virtual desmentiu a versão divulgada pelos policiais

BandNews FM

Tecnologia auxiliou o Ministério Público na denúncia Foto: Reprodução
Tecnologia auxiliou o Ministério Público na denúncia
Foto: Reprodução

Três policiais civis são denunciados pelo Ministério Público do Rio apontados como os responsáveis pela morte do adolescente João Pedro, de 13 anos, durante uma operação policial, em maio de 2020, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A denúncia foi apresentada nesta quinta-feira (16) pelo MP.

Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernando de Brito foram denunciados por homicídio duplamente qualificado e fraude processual.

Segundo a denúncia, antes da chegada da equipe de peritos, os três agentes alteraram a cena do crime, com a intenção de criar vestígios de um suposto confronto com criminosos. O documento aponta ainda que os policiais colocaram indevidamente explosivos e uma pistola, além de terem posicionado uma escada junto a um muro nos fundos do imóvel e terem produzido marcas de tiros em um portão.

O crime, de acordo com o MPRJ, foi cometido por motivo torpe, já que os policiais teriam presumido haver criminosos no local, pretendendo agir para matá-los, e com o emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima. O documento não indica o policial que fez o disparo que matou João Pedro. Segundo o promotor Paulo Roberto Mello, o fato de os três agentes terem o mesmo propósito já é suficiente para a denúncia.

Um programa de realidade virtual auxiliou os promotores no detalhamento da cena do crime, descartando as versões apresentadas pelos acusados, que disseram inicialmente terem sido alvejados por tiros disparados por criminosos que estavam na casa de João Pedro. Segundo o promotor Paulo Roberto Mello, as conclusões do relatório do Ministério Público só foram possíveis graças à tecnologia.

A Promotoria de Justiça também pediu a suspensão integral do exercício da função pública dos agentes durante a vigência do processo, a proibição de contato direto ou por meio de outra pessoa com qualquer testemunha, a proibição de acesso ou frequência às dependências de qualquer unidade da Polícia Civil e o comparecimento mensal em juízo durante o processo.