Cirurgia feita por Lula é rápida e com risco baixo de sequelas, explica neurocirurgiã

Doutora Diana Santana, neurocirurgiã do hospital Sírio-Libanês, falou do procedimento de craniotomia para drenagem de um hematoma na cabeça; presidente Lula encontra-se na UTI sob observação

BandNews FM

Após a divulgação de um boletim médico em que a instituição hospitalar explica que o mandatário passou por uma craniotomia para drenagem de um hematoma na cabeça, a equipe da BandNews FM conversou com a neurocirurgiã Diana Santana, que integra o time de doutores do Sírio-Libanês, para entender as complexidades dessa cirurgia.

De acordo com a especialista, trata-se de uma intervenção "relativamente simples" e necessária quando o paciente apresenta algum "quadro neurológico como dor de cabeça ou diminuição de força em um dos lados do corpo".

Diana explica que a lesão sofrida pelo presidente Lula é mais comum em pessoas idosas, já que o cérebro diminui ao longo da vida. Quando se é jovem, há um pequeno espaço entre o cérebro, a cavidade que o protege e o crânio. Conforme envelhecemos, o cérebro diminui de tamanho e a cavidade entre o órgão e o crânio aumenta.

"Quando temos um cérebro do tamanho normal, quando somos jovens, os vasos [sanguíneos na cavidade] não são visíveis. Mas a medida que o cérebro vai atrofiando, elas formam 'teias de aranha'. Nisso, o vaso [sanguíneo] fica mais esticado. Quando ocorre uma queda, o vaso pode se romper e gotejar sangue [na cavidade] ao longo dos dias e semanas", explicou.

"Como o cérebro do idoso é um pouco menor de tamanho, o sangue vai se acumulando ao longo das semanas, e as vezes não é perceptível. Mas a medida que chega num volume máximo, que preenche a cavidade e começa a comprimir o cérebro, ai ele passa a ter algum sintoma neurológico", completou a doutora Diana.

A especialista também ressaltou que, com os sintomas que o presidente Lula teve antes da cirurgia, como queixas de dor de cabeça, trata-se de um "quadro neurológico bom" por não ter maiores complicações nos sintomas.

"Quando isso acontece, em geral, o pós-operatório costuma ser muito bom. Em geral, a internação é rápida mesmo. A gente sempre coloca o paciente na UTI para monitorar os parâmetros vitais, não necessariamente pela gravidade da cirurgia. Pacientes idosos costumam ter comorbidades como hipertensão, diabetes, alguma doença cardiovascular. E num ambiente de terapia intensiva você consegue monitorar de uma forma mais adequada esses parâmetros vitais", finalizou.

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