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Cirurgias de explantes de silicone aumentam no Brasil

Descobertas de doenças relacionadas às próteses preocupam pacientes; médicos também percebem mudança no padrão de beleza

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Cirurgias de explantes de silicone aumentam no Brasil
Cirurgias de explantes de silicone aumentam no Brasil
Foto: Reuters

A descoberta de novas doenças relacionadas a próteses de silicone e a mudança no padrão estético feminino têm trazido insegurança para as pacientes que fizeram implantes anteriormente. Com isso, tem aumentado o número de mulheres que procuram pelo processo de explante, que é a retirada das próteses.

O último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica mostra um aumento de 30% no Brasil do número dos explantes.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Regional de São Paulo, José Octávio Freitas, afirma que essa condição ocorre como forma de adequação social, já que, atualmente, os seios menores são os mais procurados.

O médico ressalta, ainda, que as próteses possuem validade indeterminada e que apenas precisam passar por uma avaliação anual.

Já a cirurgiã plástica Cristianne Todeschini diz que a recomendação de troca após 10 anos é válida, pois o produto sofre danos ao longo do tempo, podendo extravasar partículas de silicone pela cobertura, essas partículas são recolhidas pelo sistema linfático e depositadas nos gânglios, como o da axila. A médica aponta que já presenciou dois casos que, após a punção do local, foi confirmada o extravasamento do silicone.

O médico e pesquisador Eduardo Fleury foi o responsável pela descoberta de uma nova doença relacionada à prótese, o granuloma induzido por silicone na cápsula.

Ele chama atenção para a constatação de vazamento de silicone em pacientes assintomáticas, já que há a confirmação de que todo implante vaza, pelo efeito “gel bleeding” do produto, uma espécie de transpiração do material pela cápsula.

A professora Larissa de Almeida retirou a prótese após sofrer com dores articulares, danos na visão, confusão cerebral e contraturas, classificada como doença do silicone.

Ela lamentou não ter tido acesso a informações antes da cirurgia e explicou que os sintomas desapareceram assim que foi realizada retirada. Larissa conta que no momento da consulta foi informada que a prótese seria eterna, diferente das indicações atuais. Hoje ela produz conteúdo nas redes sociais sobre a doença do silicone e os perigos envolvendo a cirurgia para que a situação se repita com outras mulheres.

Outra questão investigada pela comunidade científica é a Síndrome Ásia, doença autoimune que é “ativada” com a inserção de um corpo estranho no organismo de pessoas que já possuem predisposições genéticas para a resposta inflamatória.

A médica Cristianne Todeschini explica que esse indutor pode ser um DIU, um implante anticoncepcional e também o silicone, mas que o desenvolvimento da síndrome acontece apenas com uma pequena parte das pacientes e que a possibilidade ou não de desenvolver a doença pode ser verificada, na maioria dos casos, com exames de rastreio pré-operatórios.

Especialistas ressaltam que não é necessário alarde e nem a remoção do implante em todas as pacientes, mas que a consulta com o cirurgião e a análise anual da prótese são indispensáveis. Para quem sonha com a realização da cirurgia a recomendação é procurar por informações sobre todas as possibilidades antes da operação.

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