Com a fabricação de veículos encerrada no Brasil, a Ford deve manter a venda de automóveis no País com modelos fabricados na Argentina, Uruguai, México e outras nações. A empresa afirma que o encerramento das atividades no Brasil se deve à recente desvalorização do dólar e do euro na região, ao aumento nos “custos industriais”; a pandemia e a ociosidade nas linhas de produção.
O economista Claudio Frischtak, presidente da Inter B Consultoria, lembra que a montadora recebeu inúmeras benefícios fiscais.
O consultor de indústria e mercado automotivo da KPMG no Brasil, Ricardo Bacellar, acrescenta a Ford já havia encerrado a produção de veículos na fábrica de São Bernardo do Campo, em 2019, após 52 anos no ABC paulista. Segundo ele, a empresa já demonstrava uma mudança de estratégia e foco em tecnologia, com carros elétricos e conectados.
O jornalista Sergio Quintanilha, editor-chefe do site Guia do Carro, lembra que os carros populares ficaram ainda menos rentáveis.
Sergio destaca que a Ford perdeu espaço para as concorrentes no Brasil.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos afirma que “a Ford agiu sem diálogo” e espera “que o governo federal e os estados de São Paulo, Bahia e Ceará intervenham para cobrar” a empresa pelo fechamento de “mais de SETE MIL postos de trabalho, diretos e indiretos”. O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, destaca que o impacto da decisão da montadora no mercado de empregos.
A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, afirma que o fechamento da Ford confirma o alerta da entidade para a necessidade de reduzir o Custo Brasil. Na mesma linha, a Federação das Indústrias de São Paulo diz que o “custo de cada automóvel produzido aqui dobra por causa dos impostos”.
A unidade da Ford em Camaçari, na Bahia, que produzia Ka e EcoSport, e a de Taubaté, em São Paulo, onde eram feitos motores e transmissões, serão fechadas imediatamente, reduzindo a produção às peças para estoques de pós-venda. A planta da Troller, em Horizonte, no Ceará, será fechada no fim do ano.
Edição: Narley Resende