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Com racionamento de testes, laboratórios esperam suprir demanda em um mês

Concentração da cadeia de suprimentos em países que sofrem com aumentos de casos de Covid dificulta recebimento de testes no Brasil

Narley Resende

Com racionamento de testes, laboratórios esperam suprir demanda em um mês.
Com racionamento de testes, laboratórios esperam suprir demanda em um mês.
Foto: Agência Brasil

O mercado brasileiro aguarda a queda na demanda por testes de Covid-19 nos Estados Unidos para que os estoques nacionais possam voltar a atender à demanda. Em meio à alta de casos de Covid-19 e de influenza no Brasil, laboratórios e hospitais do todo o País anunciaram o racionamento de diagnósticos e a priorização de casos sintomáticos e graves.

Confira a reportagem completa de Narley Resende, em áudio:

Um levantamento do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo aponta que 55% das instituições particulares têm exames o suficiente para até sete dias, e 16% indicam que o estoque pode acabar no prazo de 8 a 14 dias. O relatório do SindHosp, que reuniu dados de 111 laboratórios privados, aponta ainda que 88% estão com dificuldades para repor o estoque de testes de Covid e de influenza.

O desabastecimento de testes tem entre as causas a alta demanda global, com a rápida disseminação da variante Ômicron do coronavírus, além da falta de planejamento para momentos de crise como o atual.

Desde 2020, a produção nacional de insumos é apontada pela comunidade científica como solução viável para momentos em que o mercado internacional estiver saturado. O presidente da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, Carlos Gouvêa, destaca, no entanto, que os momentos são diferentes e que apesar do desabastecimento atual, o mercado deve ser suprido até o fim do mês.

“Um desajuste de estoque que rapidamente será contornado. Mas o que vivemos lá atrás, no início da Covid-19 foi desesperador. O grande problema foi o apagão logístico. A gente não tinha acesso aos países da Ásia, não tinha voo. Essa reflexão sobre a diminuição da dependência do exterior deve ser levada adiante. Outras pandemias virão”, alerta.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária pode autorizar nesta semana a venda de auto testes no Brasil. Na última sexta-feira (14), a Anvisa recebeu a nota técnica enviada pelo Ministério da Saúde com uma proposta de política pública de monitoramento das aplicações.

O presidente da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial, Carlos Gouvêa, acredita que o mercado está preparado para distribuir os autotestes no País.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica alerta, no entanto, que os autotestes poderiam cercear o abastecimento de testes em geral e piorar a falta em laboratórios, já que os reagentes usados são os mesmos.

Depois de dizer que a variante Ômicron era "bem-vinda", o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais nesse domingo para promover o autoteste.

O secretário Executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, publicou um vídeo dizendo que a liberação deve servir como apoio ao diagnóstico.

Atualmente, segundo pesquisa Datafolha, 8,1 milhões brasileiros dizem que não conseguiram encontrar testes para a doença em farmácias ou unidades de saúde nos últimos 30 dias.

Na última semana, 2,1 mil municípios assinaram ofício cobrando o Ministério da Saúde, que prometeu a distribuição de 15 milhões de testes para a rede pública nesta semana.

Além da rede privada, a prefeitura de São Paulo está entre as que já iniciaram um racionamento de testes.

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