O último dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro será marcado por homenagens a personalidades do samba e da história negra do Brasil. A Mocidade Independente de Padre Miguel que abre a noite traz o enredo assinado também por Marcelo Adnet e Paulinho Mocidade: "Pede caju que dou… Pé de caju que dá".
Com o enredo "Glória ao Almirante Negro", com participação de Moacyr Luz na composição, a escola Paraíso do Tuiuti exalta João Cândido, um militar gaúcho que, em novembro de 1910, comandou a luta para abolir a chibata e a escravidão na Marinha do Brasil. João entrou para a história como o Almirante Negro, símbolo de resistência contra o racismo.
A Unidos de Viradouro vai para a Avenida com o samba “Arroboboi, Dangbé”, cujo enredo é o culto ao vodum Dambê, que tem como símbolo uma serpente que morde a própria cauda, representando um ciclo fechado entendido como força vital, continuidade e fortuna. O culto foi trazido da África para o Brasil.
O samba-enredo da Mangueira homenageia a cantora Alcione, que faz parte da escola há 50 anos. Com o nome “A Negra Voz do Amanhã”, o enredo fala sobre a maranhense de nascença, que conquistou o Brasil através da música.
Já a Portela faz uma releitura do romance "Um Defeito de Cor", da escritora Ana Maria Gonçalves. A escola conta na Sapucaí a história da mãe africana que vai em busca do filho, vendido como escravo. Releitura da história do jornalista, escritor e primeiro advogado negro do Brasil, Luís Gama e sua mãe, Luíza Mahin.
A Vila Isabel, de Martinho da Vila e Sabrina Sato, traz o enredo “Gbala – Viagem ao Templo da Criação” que faz referência ao samba que foi a Avenida em 1993. O tema aborda, sob a ótica de religião de matriz africana, a forma em que o homem criado por Oxalá destrói o planeta que deveria cuidar e trata as crianças como esperança de salvação do planeta.