Com uma mudança de última hora, a CPI da Pandemia recebe nesta quinta-feira (1) o homem que se apresenta como representante da Davati Medical Suplly e que denunciou um suposto esquema de propina na venda de vacinas no Ministério da Saúde.
À Folha de São Paulo, Luiz Paulo Dominguetti disse ter se encontrado em fevereiro com o então diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, para negociar a venda de 400 milhões de doses da AstraZeneca – que nega ter intermediários.
Na época, segundo ele, Dias – que foi exonerado do cargo após a denúncia – teria pedido US$ 1 de propina por dose; o suborno chegaria a R$ 1 bilhão.
O ex-diretor teria sido indicado pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, que nega a indicação.
A mudança de última hora no calendário da CPI ocorreu após a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber conceder a Francisco Maximiano, representante da Precisa Medicamentos, o direito de ficar em silêncio e não se autoincriminar. Maximiano seria ouvido nesta quinta-feira, depois de não comparecer ao Senado na última semana por estar em quarentena após viagem à Índia.
O empresário seria questionado sobre as denúncias feitas pelo deputado Luis Miranda, apontando irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pela pasta.
A Precisa representa o laboratório Barath Biotech no Brasil e a nova data do depoimento de Maximiano ainda não foi marcada.
DEMISSÃO
O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial de quarta-feira (30) a exoneração do diretor de Logística da pasta, Roberto Ferreira Dias. A demissão foi anunciada após a publicação de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
Em nota, divulgada ainda na noite de terça-feira (29), horas após as denúncias, o Ministério da Saúde já confirmava a saída do diretor de Logística, mas não atrelava a demissão ao conteúdo das acusações.
Roberto Ferreira Dias foi nomeado para a função ainda em janeiro de 2019, na gestão de Luiz Henrique Mandetta, e se manteve no Ministério mesmo com as sucessivas trocas de comando. A nomeação do diretor é atrelada ao deputado federal Ricardo Barros, do Progressistas do Paraná. O parlamentar nega ter relação com o agora ex-diretor de Logística.