CPI: Servidor acusado de fazer “pressão atípica” afirma que notou diversos erros em contratos

Ainda segundo Santana, informações técnicas simples como CNPJ não estavam de acordo com os contratos entre o ministério e o laboratório indiano

Rádio BandNews FM

O nome de Santana foi citado durante o depoimento de Luis Ricardo Miranda Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O nome de Santana foi citado durante o depoimento de Luis Ricardo Miranda
Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Nesta sexta-feira (09), a CPI da Pandemia ouve o depoimento de um dos servidores acusados de fazer “pressão atípica” para agilizar a contratação do imunizante indiano Covaxin, o técnico da divisão de importação do Ministério da Saúde William Amorim Santana.

Ao início da sessão, que começou por volta das 10h30, Santana afirmou que, na realidade, não é um servidor do Ministério da Saúde, mas sim um consultor técnico da Organização Pan-Americana da Saúde, e que atualmente trabalha na divisão de importação do ministério.

O técnico alegou aos senadores que notou diversos erros nas invoices (faturas internacionais usadas na aquisição das vacinas) durante a negociação da Covaxin. Entre eles, a previsão de pagamento de US$ 45 milhões em nome de uma empresa que não estava citada no contrato fechado entre o Ministério da Saúde e o laboratório Bharat Biotech. O depoente também afirmou estranhar os valores presentes no contrato, uma vez que, nas primeiras faturas, a Precisa Medicamentos chegou a incluir um frete de R$ 5 milhões que não estava previsto no documento de contratação.  

Ainda segundo o servidor, informações técnicas simples como CNPJ não estavam de acordo com os contratos entre o ministério e o laboratório indiano, e os documentos apresentavam erros de ortografia.

William Amorim Santana afirmou ainda que, mesmo após dois pedidos de correção de dados, a empresa Precisa Medicamentos enviou outras duas invoices com erro. Depois da declaração, o relator da CPI, Renan Calheiros, pontuou que não se tratava mais de um equívoco, mas sim de um golpe.

Santana citado em dois depoimentos na CPI

O nome de William Santana foi citado durante o depoimento do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado Luis Miranda, que acusou o subordinado de pressionar para que o contrato fosse fechado. Já a fiscal de contratos Regina Célia Oliveira, que foi ouvida pelos senadores na última terça-feira (06), afirmou que o técnico apontou divergências na nota fiscal da Covaxin.

O contrato de R$ 1,6 bilhão, fechado pelo governo federal com o laboratório Bharat Biotech, é o centro de denúncias de corrupção e um dos focos das investigações da CPI da Pandemia.