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Da segurança à inspiração: dentro e fora da F1, legado de Senna impacta até hoje

A série especial "Ayrton Senna: O impacto do ídolo" em uma geração chega ao último episódio mostrando como figura do piloto ainda inspira várias gerações

Alinne Fanelli | Isabela Mota | Ivan Brandão | Yuri Queiroga

Senna e seu legado na Fórmula 1 são eternos: o aumento da segurança nas pistas, a influência sobre futuros pilotos e atletas de outros esportes, o impacto na vida de pessoas que nem existiam quando o brasileiro corria. Depois de falar sobre o dia da morte. seu início de carreira e das corridas que o fizeram lenda, a série especial Ayrton Senna: O impacto do ídolo em uma geração chega ao seu quinto e último episódio. Mas não é do fim que ele trata.

Nem é preciso falar inglês para entender a forma com que os pilotos da Fórmula 1 atual falam sobre o que Senna fazia na pista. “Não é possível! Ele fez isso de propósito?". “É assustador”. "Definitivamente. meu herói".

Pelo que fez correndo, Senna inspirou os demais. É o legado que fica para o esporte a motor, como explica o narrador da BandNews FM Odinei Edson sobre o preparo que reverbera até hoje nos grandes campeões, além da segurança dos pilotos.

“Ele que trouxe, de uma forma indireta, condicionamento físico para os pilotos de Fórmula 1”, justifica. “Após o trágico acidente com Senna, foi focado, com muito dinheiro, com muito trabalho para que os carros de Fórmula 1 e. consequentemente, muitos carros de rua também, foi buscada a questão da segurança”, complementa Edson.

Talvez Ayrton não fosse completo, talvez não fosse sequer o melhor. Mas, para quem acompanhou de perto a carreira, há uma certeza. 

“O [Michael] Schumacher para alguns, o Lewis Hamilton, para outros o Max Verstappen. Mas o piloto mais rápido foi o Ayrton Senna”, cravou o jornalista e apresentador Elia Júnior. Para ele, isso explica o mito do herói das pistas, Mas Senna acabou se tornando também o herói das massas.

“Quando surge o Ayrton ganhando todos os domingos, brasileiro, isso foi marcando, determinando o tamanho do Ayrton. E aí é natural o país inteiro foi se envolvendo com isso e a Fórmula 1 cresceu muito com Ayrton e o automobilismo, de uma maneira geral”, complementa.

Já para Flávio Gomes, especializado na F1 e presente na cobertura de vários dos momentos memoráveis da categoria nas últimas décadas, a imagem atual que se tornou Senna é uma espécie de “herói fabricado". Ele explica.

“A imagem do Senna que era passada para imensa maioria das pessoas, que era pela televisão, não condizia com a realidade. Ele não era um ser infalível, mas essa imagem foi sendo construída cuidadosamente ao longo de muitos anos e ajudava muito também o fato de que ele era um piloto vencedor, um piloto muito bom e tudo mais. Mas parecia que o Senna era o único piloto do mundo que era ousado, que era arrojado, que se dedicava”, justifica.

Mas controvérsias à parte, quem conviveu com o piloto no paddock, como o piloto Christian Fittipaldi, afirma que era tudo genuíno.

“Tentava fazer o bem para todos, tentava trazer alegria para todos. E, sempre que possível, procurava ajudar as pessoas. Além de ser genuíno, era quase aquela situação de um herói perfeito”, relembra o ex-piloto da F1.

O sonho e o legado

“Todos nós precisamos de um sonho e acreditarmos nesse sonho”, dizia Senna. E o sonho de Ayrton, como conta a irmã Viviane, nasce de um inconformismo.

“Não se conformar com a realidade brasileira. E desse inconformismo é que nasceu o desejo de fazer alguma coisa para mudar, mas não deu tempo de fazer isso [em vida]”, explica a irmã de Senna.

Nascia o Instituto Ayrton Senna, que recebe 100% de tudo que a marca Senna lucra até hoje e que já mudou a vida de mais de 37 milhões de crianças brasileiras. Afinal, eram justamente as crianças em que Ayrton enxergava o futuro.

“A gente realmente sente nas crianças uma admiração e um carinho grande e isso motiva mais ainda você procurar transmitir alguma coisa especial para eles”, dizia Ayrton Senna.

Crianças do passado que talvez tiveram com Ayrton o primeiro contato com a morte. E que levaram esse legado em frente para que as crianças do presente busquem nesse passado a inspiração para lidar com a vida.

“Tudo começou a partir do meu pai. Hoje, ele tem 44 anos. E quando ele assistia tinha entre 10 a 14 anos”, explica Gabriel. Ele tem 13 anos e entende o peso da figura de Ayrton Senna. “Ele [o pai] foi trazendo para mim o legado que Senna deixou: quem ele era, o que ele fez, o que ele deixou. O Senna foi sempre importante na vida do meu pai e acabou sendo impactante na minha vida também”, relembra o jovem.

No fim, a palavra “impacto”, que ilustra esta série original, ganha outro significado. Foi o fim, o começo e, na verdade, nunca acabou.

30 anos da morte de Senna

A BandNews FM apresentou durante a semana em que se completou 30 anos da morte de Senna a série especial Ayrton Senna: O impacto do ídolo em uma geração, com cinco reportagens que rememoraram a trajetória e o legado de Ayrton Senna

A série é narrada por Bruno Camarão, teve produção de Alinne Fanelli, Isabela Mota e Yuri Queiroga, com texto e roteiro de Ivan Brandão, com o apoio do centro de documentação e memória da Rádio Bandeirantes.

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