Os candidatos à Presidência da República ficaram frente a frente pela primeira vez no segundo turno neste domingo (16).
O encontro, realizado em um pool formado por todos os veículos do Grupo Bandeirantes, pela TV Cultura, pela Folha de São Paulo e pelo UOL, abordou as propostas dos candidatos em áreas como economia, segurança, saúde e meio ambiente. O ex-presidente Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro também falaram sobre polêmicas das campanhas de ambos e trocaram acusações.
O tema corrupção também foi um dos principais destaques. Lula e Bolsonaro discutiram a respeito do Petrolão, do Orçamento Secreto e de possíveis fraude cometidas durante a pandemia.
O candidato à reeleição tentou, por diversas vezes, associar o PT aos crimes na Petrobras.
Lula, ao rebater o assunto, lembrou que sempre defendeu a liberdade de as autoridades investigarem, alegando que Bolsonaro jamais permitiria o mesmo.
A questão também foi abordada ao discutirem o papel da CPI da Pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro lembrou do Consórcio Nordeste, que é acusado de crimes na compra de respiradores para os estados da região.
Em resposta, o ex-presidente Lula criticou a gestão de Bolsonaro na aquisição de vacinas e citou o caso Covaxin.
O caso do Orçamento Secreto teve destaque quando o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro responderam sobre a relação do Poder Executivo com o Congresso.
O candidato à reeleição negou que tenha comprado o apoio de deputados e senadores por meio de emendas parlamentares.
O ex-presidente Lula disse que o Orçamento Secreto prejudica a destinação de recursos por estados e municípios para áreas fundamentais, como Saúde e Educação.
Além de corrupção, os candidatos trataram dos gastos durante a pandemia e também da possibilidade de manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 a partir de 2023.
O candidato do PL à presidência exaltou o valor atual do benefício e prometeu tornar o programa permanente. Bolsonaro aproveitou para dizer que o valor oferecido pelo Bolsa Família na gestão do petista era menor.
Lula rebateu valorizando programas criados na administração dele, além de citar o aumento do salário mínimo quando ele era presidente.
O Nordeste do país também foi um dos focos do debate da Band entre Lula e Bolsonaro. Os candidatos discutiram a transposição do Rio São Francisco.
Bolsonaro acusou o adversário de não ter concluído as obras.
Outro assunto abordado no debate foi a proposta que teria sido defendida por Jair Bolsonaro de aumento do número de ministros do Supremo Tribunal Federal. Ambos se comprometeram a não mudar a composição do STF.
O candidato do PT afirmou que o país já viveu uma experiência negativa com um presidente alterando as regras para a entrada na corte. Lula defendeu que a competência e o currículo dos magistrados sejam levados como principais critérios para indicação ao Supremo.
Bolsonaro, por sua vez, negou que defenda o aumento do número de ministros e falou que, se conseguir a reeleição, vai manter o "equilíbrio" do STF. O próximo presidente terá a prerrogativa de indicar dois integrantes do Supremo, já que os ministros Rosa Weber e Ricardo Lewandowski chegarão a 75 anos e precisarão se aposentar da corte.
Ao tratar de fake news, Lula disse que as campanhas anteriores tinham um nível melhor porque não era necessário gastar tempo desmentindo declarações que nunca foram dadas. Para ele, o foco do debate acaba desviado.
Durante o debate, nem Lula, nem Bolsonaro falaram sobre a criação de uma lei específica que puna servidores públicos e candidatos eleitos por publicação de fake news.
O atual presidente trouxe à tona a discussão sobre a conversa que admitiu ter tido com meninas venezuelanas no Distrito Federal. Em um vídeo que circulou nas redes sociais no último fim de semana, o presidente afirma que estava de moto quando encontrou adolescentes entre 14 e 15 anos:
"Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto [...] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas... Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida"
O vídeo foi republicado por contas ligadas à campanha do ex-presidente Lula. A equipe do presidente Jiar Bolsonaro recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e, após a repercussão do caso, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, determinou a retirada do vídeo do ar.
Neste domingo (16), ao voltar ao tema, Bolsonaro declarou que se trata que a tentativa de ligá-lo a pedofilia se trata de uma acusação “sórdida e infame”.