O ex-presidente Lula iniciou o primeiro discurso desde que o ministro Edson Fachin anulou as condenações contra ele defendendo a própria inocência e criticando o ex-juiz Sérgio Moro. O petista relembrou que, há três anos, estava no mesmo lugar, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, quando se entregou à Polícia Federal.
Lula fez críticas ao atual governo, afirmando que, com o que está acontecendo na Saúde no Brasil, pode afirmar que vivemos um ‘desgoverno’. Lula afirmou que a questão das vacinas no país não é de dinheiro, mas de “amar a vida”.
O ex-presidente Lula também afirmou que foi “vítima da maior mentira jurídica em 500 anos de história do Brasil”. Ele relembrou a esposa, que morreu após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico em 2017. Lula disse que injustiças que ele sofreu contribuíram para a morte da ex-esposa. O petista lamentou ainda quando foi impedido de ir ao velório do irmão Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, vítima de um câncer em 2019. Na época, o ex-presidente da República estava preso e o pedido para ir ao velório foi negado pela Justiça.
O petista disse ter ficado “muito feliz” com a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, que anulou todas as condenações dele, e completou dizendo que a verdade prevaleceu. Lula lembrou de quando se recusou a usar uma tornozeleira eletrônica, dizendo que “nunca houve crimes” cometidos por ele e comemorou afirmando que “o sofrimento acabou”.
O ex-presidente comentou sobre Moro e a Operação Lava Jato: “Nós vamos continuar lutando para que o Moro seja considerado suspeito. Ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e se tornar herói. Deus de barro não dura muito tempo. Eu tenho certeza que hoje, ele deve estar sofrendo muito mais do que eu sofri”. O ex-presidente também fez agradecimentos aos advogados que estiveram com ele durante o processo e quando esteve na cadeia.
Lula não poupou críticas à atuação do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia e falou que irá tomar a vacina para alertar a população sobre a necessidade de manter os cuidados mesmo após a imunização. O ex-presidente também relembrou das falas de Bolsonaro que negavam os perigos da Covid-19 e falou sobre a defesa da cloroquina, remédio sem eficácia comprovada contra o coronavírus.
O ex-presidente Lula voltou a falar que “o Brasil não tem governo”. O petista ressaltou a falta de cuidado do atual governo com os rumos do país. O político destacou que enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) governava o Brasil, a economia brasileira era a 6ª maior do mundo. O ex-presidente criticou a atuação do ex-juiz Sérgio Moro e de procuradores da Lava Jato durante os processos.
Fazendo um aceno a empresários, o ex-presidente Lula defendeu que é preciso combinar desejos do mercado financeiro com o bem-estar da população. O petista criticou novamente a atuação de Bolsonaro na economia, afirmando que a única coisa que o presidente consegue falar é sobre armas.
O ex-presidente Lula encerrou o primeiro pronunciamento dizendo que quer voltar a andar pelo Brasil e conversar com o povo. O petista também disse estar aberto para conversar com a classe política, e com os empresários, buscando assim o crescimento econômico do Brasil.