Educação como forma de transporte no quilombo de Kalunga

Mulheres do quilombo, localizado em Goiás, descrevem como o acesso ao conhecimento transformou a vida no local

BandNews FM

A agricultora Leuteria da Silva também viu na educação uma forma de deixar o trabalho na roça. Milena Teixeira e Cynthia Martins
A agricultora Leuteria da Silva também viu na educação uma forma de deixar o trabalho na roça.
Milena Teixeira e Cynthia Martins

Com livro, papel e caneta, a quilombola Getúlia Moreira consegue ter acesso a outros lugares mundo, mesmo sem quase nunca ter tirado os pés da comunidade do Engenho II, no Kalunga, em Goiás. 

A agricultora e parteira, de 65 anos, nunca se conformou em não ser completamente alfabetizada. Aos 45 anos e mãe de sete filhos, decidiu que ia realizar o sonho de estudar. Fez matrícula em um telecurso e conseguiu completar o ensino médio.

Como dona Getulia, a agricultora Leuteria da Silva também viu na educação uma forma de deixar o trabalho na roça.

Na comunidade do Engenho II, a educação é valorizada por todos, das crianças até os mais velhos. As jornalistas Milena Teixeira e Cynthia Martins foram até o local em busca da herança africana no Brasil no último capítulo de uma série de reportagens especiais, uma parceria da Rádio BandNews FM com o Band Notícias, sobre a semana da Consciência Negra.

Mãe de seis, dona Leuteria não conseguiu se alfabetizar, mas formou quatro dos cinco filhos foram para a Universidade.  

Dois deles, inclusive, são professores da única escola pública de ensino médio da comunidade.  

A escola é um grande troféu para os moradores do quilombo, tendo em vista que conquistar esse feito não foi fácil.

Há pelo menos 70 estudantes do ensino fundamental e do ensino médio estudam lá.  O número de professores também é baixo, por isso, a maior parte dos educadores ensinam três disciplinas.  

No centro de ensino, também não há internet e falta luz em alguns momentos do dia.  

Durante a reportagens da BandNews FM, o professor precisou parar de dar aula duas vezes por causa da ausência de energia.  

O filho de dona Leuteria, João Silva, diz que o ensino esbarra na falta de investimento. Além disso, ele ressalta que, mesmo diante dos problemas, os estudantes que saem da escola conseguem chegar a universidade.

Há alunos quilombolas em vários cursos: engenharia ambiental, educação do campo, medicina e pedagogia.

Confira a reportagem na íntegra: