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No Peru, Tiago Nunes faz mea culpa e fala em se reinventar

Técnico brasileiro busca novo caminho no futebol sul-americano e exalta a vida no país vizinho

Por Bruno Camarão

O futebol peruano tem no Brasil algumas referências históricas. O lendário Didi, por exemplo, conduziu nos anos 1970 a seleção do país a uma campanha fantástica na Copa do México.

Tim, em 1982, na Espanha, também deixou a marca verde e amarela no país vizinho. Sem falar em Paulo Autuori.

Bicampeão da Libertadores e campeão brasileiro, o comandante brasileiro desbravou o cenário de clubes peruanos. Em 2001, o treinador desembarcou no Alianza Lima e foi muito bem, conquistando o título nacional, quebrando uma sequência de três anos de conquistas do Universitario.

Cobiçado por lá, trocou de equipe, e dirigiu o rival Sporting Cristal. Dito e feito: sucesso mais uma vez e conquista do bicampeonato peruano pessoal.

Em 2023, é Tiago Nunes quem tenta repetir o feito. Após um período de inatividade, o ex-Ceará, Grêmio, Corinthians e Athletico mira a reinvenção.

"O futebol é incrível porque ele te oportuniza ter emoções novas e renovar energias. Já passei por várias situações. E quando a gente acaba se envolvendo com uma nova cultura, acaba absorvendo esta emoção. Está sendo renovador", afirmou Tiago.

Em entrevista exclusiva à BandNews FM, o treinador relata o sonho do Cristal de voltar a jogar a fase de grupos da Libertadores da América. Para isso, precisa superar o Huracán, da Argentina, adversário da terceira fase. Na anterior, superou o Nacional, do Paraguai, após um 0-2 fora de casa.

"É um conjunto de fatores: a remontada, o impacto para o futebol peruano e a esperança de ir à fase de grupos", enumerou Tiago, citando os 5 a 1 aplicados nos paraguaios.

"A gente sabe que há dificuldades históricas entre clubes argentinos e peruanos. Mas não há nada enraizado em nós. Somos um grupo jovem e motivado. O objetivo traçado foi ir à disputa da Libertadores", completou.

Em 1997, com Autuori, o Cristal chegou à final. Tiago Nunes, agora, está neste barco, sonhando junto com o torcedor de um dos clubes mais populares daquele país.

"O mercado sul-americano se apresentou como uma nova rota. E estou convicto de que acertei. Estou vendo um novo tipo de futebol", citou Nunes, procurado pela diretoria em novembro.

Para ele, o treinador do futebol brasileiro não tem planfificação de carreira - e, sim, perspectivas que aparecem a cada 1, 2 ou 3 meses. E faz um mea culpa pelas passagens um pouco frustrantes nos últimos clubes.

"Foram experiências diferentes. Muitos erros de tomada de decisão da minha parte... situações que não consegui administrar da maneira que deveria. E a partir daí tenho pensado muito quais meus passos futuros", admitiu Nunes.

Depois de sair do Ceará, ele recebeu propostas de alguns clubes, mas nada muito interessante no ponto de vista dele. A ideia era romper com o "círculo vicioso".

"Isso acaba não marcando uma diferença nas nossas carreiras. De vida, inclusive. Coloquei na cabeça que deveria sair do Brasil", finalizou.

No bate-papo na íntegra, parte do quadro "Brasil Afora", Tiago Nunes abordou ainda aspectos culturais da vida no Peru, o prazer pela gastronomia local e as diferenças de cobrança.

"A pressão externa é incomparável com o Brasil. A gente percebe como não desfruta da vida no nosso país. Se vive em um isolamento social sem ter pandemia. Isso se reflete até mesmo em estar mais relaxado para ser um gestor melhor, uma pessoa melhor".

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