Especialistas falam sobre praias que desapareceram no Rio

Espaços que hoje são ocupados por edificações e outras construções já foram, praias bem frequentadas

Guilherme Faria

Especialistas falam sobre praias que desapareceram no Rio
Transformação dos ambientes de praia também é influenciada por questões ambientais
Divulgação

Apesar de, hoje, praias como Copacabana, Ipanema e Leblon, na Zona Sul do Rio, serem as mais requisitadas por cariocas e turistas nos dias de sol, a escolha já foi bem diferente em algumas décadas atrás. Em meio às discussões sobre o projeto que pode privatizar praias brasileiras, a BandNews FM foi em busca de histórias de praias do Rio de Janeiro que deixaram de existir.

Espaços que hoje são ocupados por edificações e outras construções já foram, por muitos anos, praias bem frequentadas. É o caso da região do Caju, na Zona Portuária do Rio, que no passado era ponto certo para moradores da Zona Norte da cidade, principalmente de bairros como São Cristóvão e Benfica.

No Centro do Rio, a Prainha era uma das mais famosas. Ela ficava na região em que hoje está a Rua Acre, como conta o professor e historiador Rodrigo Rainha:

Se não era na Zona Sul, qual era a praia que as pessoas iam? Eis a surpresa, iam à Prainha. Onde é a Rainha? Rua do Acre. Sim, Rua do Acre, aquele finalzinho ali do lado de São Francisco da Prainha. Ali era uma praia, uma praia muito frequentada.

O historiador explica que a relação do carioca com a praia é antiga, mas passou a se aproximar do lazer a partir da interação com as praias de Botafogo e Flamengo, na Zona Sul, que estiveram entre as mais frequentadas por muito tempo.

Com o passar dos anos, o processo de urbanização foi causando a desvalorização dessas regiões e o desaparecimento de algumas das praias. Entre as medidas, esteve a construção da Avenida Brasil.

A transformação dos ambientes de praia também é influenciada por questões ambientais. O oceanógrafo e professor da Universidade do Estado do Rio, David Zee, explica que a faixa costeira é volúvel e está suscetível a mudanças:

Primeiramente, a gente tem que entender que essa faixa costeira, as praias, toda essa faixa litorânea, é uma faixa muito volúvel, nada é constante, tudo é dinâmico, tudo muda. Seja por ação da própria natureza, hoje em dia todo mundo está ciente das mudanças climáticas, da agressividade do mar... Ou da cobiça do homem, o homem também tem uma alta cobiça dessa faixa costeira, porque ele vê um recurso natural inestimável para ele que chama-se espaço físico.

A proposta de emenda à Constituição que transfere a propriedade dos terrenos do litoral brasileiro do domínio da Marinha para estados, municípios e proprietários privados foi aprovada em fevereiro de 2022 na Câmara dos Deputados e está, agora, no Senado Federal.

A PEC estava parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado desde agosto de 2023 e voltou a ser discutida em audiência pública no Senado em maio, o que reacendeu a discussão sobre o tema.

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