
O cenário econômico no Brasil passou a preocupar os especialistas e após a rápida escalada do dólar nos últimos dias. Em um mês, a moeda norte-americana passou a ser vendida de R$ 5,70 para quase R$ 6,30. Como resposta, o Banco Central realiza nesta quinta-feira (19) mais um leilão para tentar segurar a alta do dólar.
Em comunicado, o BaCen informou que serão vendidos US$ 3 bilhões das reservas internacionais na modalidade à vista, sem compromisso de recompra. Apenas ontem, o dólar disparou 2,82% e renovou mais uma vez o recorde histórico, fechando o dia cotado a R$ 6,26.
Para o economista chefe da MB Associados, Sérgio Vale, falta compromisso da política brasileira com um verdadeiro ajuste nas contas públicas e no Orçamento federal. Para investidores, o temor é de que as medidas de ajuste fiscal sejam desidratadas durante a tramitação no Congresso.
"Depois de dois anos com idas e vindas na questão fiscal, o mercado entendeu que o governo não tem vontade política para fazer o que é preciso fazer. E vimos o resultado disso: taxa de câmbio em R$ 6, inflação pressionada e juros mais altos", declarou.
Vale pontuou que houve melhoras em índices econômicos nos dois primeiros anos da gestão Lula, como diminuição do desemprego e crescimento econômico, mas alertou para o cenário de desaceleração para o próximo biênio.
O economista chefe da MB Associados também defende uma maior responsabilização do Legislativo na crise econômica e uma cobrança sobre diminuir os gastos com emendas parlamentares.
"Não tem sentido. Os gastos discricionários, que o governo tem liberdade e não são obrigatórios, cerca de 25% desse gasto - e subindo - vai para o Congresso para essas emendas. Não sabemos para onde está indo, não tem fiscalização devida. Executivo e Legislativo, hoje, estão de mãos dadas atrapalhando a situação fiscal brasileiro", pontuou.
Até agora, neste ano, 30 bilhões de reais já foram pagos em emendas parlamentares, segundo o Portal de Transparência da Controladoria-Geral da União.