Fabio Wajngarten irrita senadores e Ministério Público Federal é acionado para apurar falso testemunho

Longo depoimento teve confusão e xingamentos entre Renan Calheiros e Flavio Bolsonaro

BandNews FM

Fabio Wajngarten foi ameaçado de prisão em sessão que terminou em confusão Foto: Agência Senado
Fabio Wajngarten foi ameaçado de prisão em sessão que terminou em confusão
Foto: Agência Senado

O quinto dia com depoimentos na CPI da Pandemia foi dedicado ao ex-secretário de comunicação da presidência Fabio Wajngarten. A sessão desta quarta-feira (12) foi marcada por discussões e acusações de falso testemunho, além de um pedido de prisão contra o ex-funcionário do Palácio do Planalto.

Wajngarten confirmou no depoimento que uma carta enviada pela empresa norte-americana Pfizer no ano passado não foi respondida pelo governo brasileiro, o que atrasou a confirmação da compra de vacinas e a chegada do imunizante.

Nesta quinta (13), fechando a segunda semana de oitivas do colegiado, os senadores vão ouvir o CEO para América Latina da farmacêutica, Carlos Murillo, que deve dar detalhes sobre a negociação e a compra de vacinas contra a Covid-19.

A Pfizer pediu que à CPI dispense Marta Díez, atual presidente da empresa no Brasil, de prestar depoimento, sob a alegação de ela assumiu o posto em fevereiro e, segundo a empresa, não teve participação nas tratativas com o Governo Federal.

O ex-secretário de comunicação disse que não estava entre os destinatários originais da carta, tampouco participou de negociações, mas que buscou o contato com a empresa americana.  

Em entrevista à Revista Veja, Fabio Wajngarten disse que a compra de vacinas oferecidas pela Pfizer não ocorreu por incompetência do Ministério da Saúde, que na época era chefiado por Eduardo Pazuello.

Porém, no depoimento, Wajngarten poupou o General Pazuello e culpou a burocracia.  

A versão desagradou aos senadores não aliados com Planalto, que chegaram a falar na prisão do ex-secretário por falso testemunho.

O áudio da entrevista foi divulgado pela revista e foi motivo de confusão na CPI. Senadores governistas queriam impedir que o áudio fosse reproduzido no colegiado, já os críticos ao Planaltos falaram em protocolar um pedido de acareação entre o depoente e o repórter da Veja.

Um parecer foi protocolado no Ministério Público Federal do Distrito Federal para que apure a ocorrência de falso testemunho por parte de Wajngarten. Por ser convocado para depor, o depoente se compromete em falar a verdade.

O relator da CPI, o senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, ameaçou dar voz de prisão ao ex-funcionário do Planalto, mas o presidente da comissão, o senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, disse não ser carcereiro para tomar a medida.

O ex-secretário afirmou ainda que a Secom e o Ministério da Saúde fizeram, desde 2020, 11 campanhas informativas e educativas sobre a pandemia, com medidas de prevenção, informações de sintomas e protocolos, além de vacinação e ações de combate à COVID.

Ao mesmo tempo, Wajngarten disse que desconhecia a origem da campanha - o país não pode parar -, que incentivava a retomada da atividade econômica no ano passado, vídeo que foi divulgado nos perfis oficiais do Governo Federal.

O fato é que em diversos momentos as falas do ex-secretário irritaram os senadores e a sessão chegou a ser suspensa por alguns minutos com Wajngarten sendo chamado de mentiroso.  

A sessão terminou em confusão e troca de ofensas quando o senador Flavio Bolsonaro, que é filho do presidente, pediu a palavra na CPI e enumerou críticas ao relator.

O senador pelo Republicanos do Rio de Janeiro chegou a xingar o senador Renan Calheiro e colegas protestaram ao alegar que houve quebra do decoro parlamentar.

Os aliados do presidente são contrários aos trabalhos da CPI por afirmarem que o relator busca holofotes para criticar o trabalho do governo.